Flávia Said e Naomi Matsui | 11 de setembro de 2025 - 20h00

Lula comenta julgamento de Bolsonaro: 'Cada juiz vê aquilo que quer ver'

Presidente defende que decisão sobre ex-presidente deve se basear nos autos e afirma que há provas suficientes da tentativa de golpe

POLÍTICA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quinta-feira (11) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que "cada juiz vê aquilo que quer ver", mas reforçou a necessidade de que as decisões sejam baseadas na verdade dos autos. A entrevista foi concedida à Rádio Bandeirantes pela manhã, antes de o STF formar maioria para condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

“Cada juiz vê aquilo que quer ver. Só acho que os juízes têm que ver a verdade”, afirmou Lula ao ser questionado sobre o voto do ministro Luiz Fux, que divergiu da maioria e votou pela absolvição do ex-presidente.

No início da conversa, o petista afirmou que evitava comentar diretamente decisões individuais dos magistrados. “Não posso ter opinião pública sobre o voto de cada ministro. Não é recomendado o presidente da República ficar dando palpite sobre voto de ministro da Suprema Corte. Tenho uma tese pessoal, mas não posso dar”, ponderou.

Apesar disso, Lula destacou que os ministros do STF são livres para interpretar os fatos, desde que com base no processo. “Cada ministro entenda o que queira entender, dê o voto que queira dar. Espero que o processo não seja contra um homem. Não está julgando o homem pelo fato de ter sido ex-presidente, está julgando o comportamento desse homem com relação à democracia.”

O presidente também reforçou que há provas suficientes para a condenação. “Bolsonaro tentou dar um golpe neste país. Ele tentou dar um golpe. Tem dezenas e centenas de provas, de atos, de falas, de discursos, de material por escrito”, afirmou.

Para Lula, o Brasil não pode permitir ataques ao Estado democrático de direito. “O País não pode permitir, em nenhuma circunstância, que alguém tente ferir o Estado de direito democrático.”

As declarações vieram antes do STF formar maioria para condenar Bolsonaro e outros sete aliados por crimes relacionados à tentativa de golpe. A pena total definida para o ex-presidente é de 27 anos e três meses de prisão, além da perda de direitos políticos.