Governo reduz projeção da inflação e do PIB em 2025, aponta Boletim Macrofiscal
Estimativa do IPCA cai para 4,8%, ainda acima do teto da meta; previsão de crescimento da economia também recua de 2,5% para 2,3%
PROJEÇÃO DA INFLAÇÃOA Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu a projeção oficial de inflação para 2025, passando de 4,9% para 4,8%. A estimativa foi divulgada nesta quinta-feira (11), no Boletim Macrofiscal, que também trouxe uma revisão para baixo na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), agora projetado em 2,3%.
Segundo o relatório, a revisão da inflação ocorre em um cenário de excesso de oferta de bens no mercado global, influenciado por tarifas comerciais mais altas, como o tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos durante o governo Trump.
Além disso, contribuíram para o recuo da estimativa fatores como a menor inflação no atacado agropecuário e industrial e os efeitos defasados de um real mais valorizado. A previsão de que a bandeira tarifária amarela será aplicada às contas de energia em dezembro também pesou na projeção.
Inflação ainda acima da meta
Mesmo com a leve redução, o IPCA continua acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite máximo aceitável para a inflação seria de 4,5%, abaixo da atual projeção.
Para os anos seguintes, a SPE prevê que o IPCA fique em 3,6% em 2026, convergindo gradualmente para o centro da meta de 3% a partir de 2027.
Outros índices de inflação
A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para reajustar o salário mínimo e aposentadorias, foi mantida em 4,7%. Já o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que reflete os preços no atacado, teve uma redução significativa na previsão: caiu de 4,6% para 2,6%.
Segundo a SPE, o IGP-DI é mais sensível às variações do dólar, o que explica a forte queda esperada para este ano.
PIB menor com economia em desaceleração
A expectativa de crescimento da economia brasileira também foi revista para baixo, passando de 2,5% para 2,3%. De acordo com o boletim, o principal fator para essa revisão foi o desempenho abaixo do esperado no segundo trimestre de 2025, refletindo os efeitos de uma política monetária ainda bastante restritiva.
Com a taxa básica de juros (Selic) mantida em 15% ao ano, houve desaceleração no crédito concedido, o que impactou diretamente o consumo das famílias, os investimentos e o consumo do governo. A expansão do crédito caiu de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para apenas 2,4% no trimestre encerrado em julho de 2025.
Pelo lado da oferta, o ritmo de crescimento da economia caiu de 1,3% no primeiro trimestre para apenas 0,4% no segundo. O desempenho mais fraco da indústria de transformação, do setor da construção civil e dos serviços prestados pela administração pública contribuiu para essa desaceleração.
Setores da economia
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Indústria: previsão de crescimento caiu de 2% para 1,4%.
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Serviços: projeção foi mantida em 2,1%.
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Agropecuária: estimativa subiu de 7,8% para 8,3%, puxada pela alta na produção de milho, algodão e maior abate de bovinos. Essa projeção já considera os impactos negativos das tarifas impostas pelos EUA e as medidas do governo para mitigar os efeitos com o Plano Brasil Soberano.
O governo segue acompanhando os desdobramentos da política monetária e seus impactos na atividade econômica, especialmente em um cenário global de incertezas e desaceleração do comércio.