Agência Brasil | 11 de setembro de 2025 - 17h45

Governo reduz projeção da inflação e do PIB em 2025, aponta Boletim Macrofiscal

Estimativa do IPCA cai para 4,8%, ainda acima do teto da meta; previsão de crescimento da economia também recua de 2,5% para 2,3%

PROJEÇÃO DA INFLAÇÃO
Governo reduz projeção da inflação e do PIB em 2025, aponta Boletim Macrofiscal. - (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu a projeção oficial de inflação para 2025, passando de 4,9% para 4,8%. A estimativa foi divulgada nesta quinta-feira (11), no Boletim Macrofiscal, que também trouxe uma revisão para baixo na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), agora projetado em 2,3%.

Segundo o relatório, a revisão da inflação ocorre em um cenário de excesso de oferta de bens no mercado global, influenciado por tarifas comerciais mais altas, como o tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos durante o governo Trump.

Além disso, contribuíram para o recuo da estimativa fatores como a menor inflação no atacado agropecuário e industrial e os efeitos defasados de um real mais valorizado. A previsão de que a bandeira tarifária amarela será aplicada às contas de energia em dezembro também pesou na projeção.

Inflação ainda acima da meta

Mesmo com a leve redução, o IPCA continua acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite máximo aceitável para a inflação seria de 4,5%, abaixo da atual projeção.

Para os anos seguintes, a SPE prevê que o IPCA fique em 3,6% em 2026, convergindo gradualmente para o centro da meta de 3% a partir de 2027.

Outros índices de inflação

A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para reajustar o salário mínimo e aposentadorias, foi mantida em 4,7%. Já o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que reflete os preços no atacado, teve uma redução significativa na previsão: caiu de 4,6% para 2,6%.

Segundo a SPE, o IGP-DI é mais sensível às variações do dólar, o que explica a forte queda esperada para este ano.

PIB menor com economia em desaceleração

A expectativa de crescimento da economia brasileira também foi revista para baixo, passando de 2,5% para 2,3%. De acordo com o boletim, o principal fator para essa revisão foi o desempenho abaixo do esperado no segundo trimestre de 2025, refletindo os efeitos de uma política monetária ainda bastante restritiva.

Com a taxa básica de juros (Selic) mantida em 15% ao ano, houve desaceleração no crédito concedido, o que impactou diretamente o consumo das famílias, os investimentos e o consumo do governo. A expansão do crédito caiu de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para apenas 2,4% no trimestre encerrado em julho de 2025.

Pelo lado da oferta, o ritmo de crescimento da economia caiu de 1,3% no primeiro trimestre para apenas 0,4% no segundo. O desempenho mais fraco da indústria de transformação, do setor da construção civil e dos serviços prestados pela administração pública contribuiu para essa desaceleração.

Setores da economia

O governo segue acompanhando os desdobramentos da política monetária e seus impactos na atividade econômica, especialmente em um cenário global de incertezas e desaceleração do comércio.