Algodão avança: MS ganha duas posições e já é o 3º do país
Com 150,5 mil t e alta de 6,9%, Estado sobe no ranking; levantamento do IBGE, divulgado hoje (11/09), também mostra queda no valor da produção agrícola
AGRO EM MOVIMENTOA nova edição da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, divulgada hoje (11 de setembro), trouxe um retrato com luz e sombra do campo sul-mato-grossense. O brilho ficou por conta do algodão: Mato Grosso do Sul ganhou duas posições e já é o 3º maior produtor do país, com 150.491 toneladas em 2024, alta de 6,9% sobre 2023. O mapa desse avanço aponta dois polos claros: Costa Rica (82.723 t) e Chapadão do Sul (41.118 t) lideram com folga, seguidos por Alcinópolis, Campo Grande e Cassilândia.
Do outro lado, o quadro geral perdeu força. Pela primeira vez em sete anos, o valor da produção agrícola do Estado caiu, puxado por safra menor e preços mais baixos de grãos. O total somou R$ 35,7 bilhões, recuo de 30,8% frente a 2023. A área plantada ficou praticamente estável — 7,2 milhões de hectares, leve queda de 0,5% —, mas as culturas que pagam a conta do agronegócio, como soja e milho, sofreram com clima e mercado.
A soja fechou o ano com 11,3 milhões de toneladas, queda de 20,4% na comparação anual, e o Estado perdeu uma posição no ranking nacional: agora é o 5º em volume (7,8% da produção do Brasil). No tabuleiro municipal houve mudança simbólica: Ponta Porã (869,4 mil t) tomou de Maracaju (843,8 mil t) o posto de maior produtor do MS, algo que não ocorria desde 2005.
O milho sentiu ainda mais. A produção encolheu 41,4%, para 7,88 milhões de toneladas. A área plantada recuou 7,5% e a colhida, 8,4%. Mesmo assim, o Estado segue 4º no ranking nacional, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás. Nos municípios, Maracaju e Sidrolândia seguem entre os grandes do país.
Há ilhas de resistência. A cana-de-açúcar cresceu em área (+1,8%, para 672,5 mil ha), volume (+1,4%, 52,5 milhões t) e valor (+25,5%, R$ 7,99 bi). No mapa municipal, Nova Alvorada do Sul é destaque nacional: 2º maior produtor de cana do Brasil, atrás apenas de Uberaba (MG). Rio Brilhante também aparece no top 10. A mandioca coloca MS no 4º lugar nacional, com 1,27 milhão de toneladas e aumento de 9,6% ante 2023. Já o feijão recuou 29,3% (12,6 mil t), apesar do avanço de área; Bonito lidera no Estado (4,04 mil t).
Na área total plantada, MS segue 6º no país, depois de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. Entre os municípios sul-mato-grossenses, Maracaju, Ponta Porã, Sidrolândia, Dourados e Rio Brilhante concentram os maiores tapetes agrícolas.
O pano de fundo ajuda a entender a gangorra. O relatório cita o El Niño, com estiagens prolongadas e calor acima da média, além do arrefecimento de preços de soja e milho ao longo de 2023, que impactou a receita de 2024. No agregado, a combinação de clima e mercados apertou margens. Ainda assim, o avanço do algodão — e a tração de cana e mandioca — mostram um movimento de diversificação em curso, com tecnologia e gestão regionalizando o risco.
Se o algodão ganhou a manchete, foi porque ocupou espaços deixados pelos grãos e encontrou condições técnicas para escalar. As rotas do Norte de MS, com Costa Rica e Chapadão do Sul à frente, funcionaram como prova de conceito: quando clima e preço apertam um lado, o Estado responde com cadeias alternativas de alto valor. No campo, quem diversifica dorme menos preocupado.