Agência Brasil | 10 de setembro de 2025 - 21h45

Excesso de peso infantil supera desnutrição no mundo, alerta Unicef

Relatório revela que 1 em cada 5 crianças e adolescentes está acima do peso; Brasil registra crescimento da obesidade e políticas públicas ganham destaque

SAÚDE
Excesso de peso infantil supera desnutrição no mundo, alerta Unicef. - (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Uma em cada cinco crianças ou adolescentes no mundo está acima do peso, totalizando cerca de 391 milhões de jovens. Quase metade deles – 188 milhões – apresenta obesidade. Pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como principal problema nutricional infantil, segundo dados do Unicef.

O relatório global analisou mais de 190 países e mostra que a desnutrição entre crianças de 5 a 19 anos caiu de 13% para 9,2% entre 2000 e 2025, enquanto a obesidade aumentou de 3% para 9,4%. Apenas na África Subsaariana e no Sul da Ásia a desnutrição ainda supera a obesidade.

No Brasil, o quadro acompanha a tendência global. Em 2000, 5% das crianças e adolescentes eram obesos, contra 4% desnutridos. Até 2022, a obesidade triplicou para 15%, o sobrepeso dobrou de 18% para 36%, e a desnutrição caiu para 3%.

As maiores taxas globais de obesidade infantil foram registradas nas Ilhas do Pacífico, acima de 30%, devido à substituição da alimentação tradicional por produtos ultraprocessados, mais baratos. Em países de alta renda, como Chile (27%), Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos (21%), a situação também preocupa.

Alimentos ultraprocessados aumentam risco de doenças ao longo da vida, diz relatório. - (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Catherine Russell, diretora-executiva do Unicef, destaca que “a obesidade é uma preocupação crescente, pois alimentos ultraprocessados substituem frutas, vegetais e proteínas, justamente quando a nutrição é essencial para o crescimento, desenvolvimento cognitivo e saúde mental das crianças”.

A organização alerta que a mudança nutricional não é apenas escolha pessoal, mas resultado de “ambientes alimentares prejudiciais” e marketing digital voltado a jovens, com excesso de açúcar, sal, gorduras não saudáveis e aditivos.

O excesso de peso na infância aumenta o risco de doenças graves, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer. O Unicef estima que, sem intervenções, o impacto econômico global do sobrepeso infantil pode superar US$ 4 trilhões por ano até 2035.

O Brasil aparece como exemplo positivo em políticas públicas, como a restrição de ultraprocessados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), vedação de propaganda de alimentos não saudáveis, rotulagem frontal de produtos e proibição do uso de gorduras trans.