Antonio Perez | 10 de setembro de 2025 - 18h15

Dólar cai e fecha abaixo de R$ 5,41 com alívio externo e reflexo de voto de Fux no STF

Real lidera ganhos na América Latina em 2025, favorecido por commodities e menor temor de sanções dos EUA

DÓLAR
Dólar Norte Americano. - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O dólar encerrou a quarta-feira (10) em queda firme, acompanhando o movimento de valorização de moedas emergentes ligadas a commodities, após dados mais fracos da inflação ao produtor nos Estados Unidos. A moeda americana chegou a operar momentaneamente abaixo de R$ 5,40, com mínima de R$ 5,3991. No fechamento, recuou 0,54%, cotado a R$ 5,4069.

Com isso, o dólar acumula baixa de 0,28% em setembro, depois de recuar 3,19% em agosto. No ano, a moeda já cede 12,51%, fazendo do real o destaque positivo entre as divisas latino-americanas em 2025.

Além do cenário internacional, operadores citaram como fator de alívio a redução do risco de novas sanções dos EUA contra o Brasil, após o voto do ministro Luiz Fux no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.

Em sua manifestação, Fux afirmou que o Supremo não deveria julgar os fatos, por terem ocorrido após o fim do mandato presidencial, e acolheu argumentos de cerceamento de defesa, defendendo a nulidade absoluta do processo. A interpretação é de que eventuais recursos podem prolongar a decisão final, reduzindo a pressão por respostas imediatas de Washington.

O gestor Eduardo Aun, da AZ Quest, destacou que “o tempo para a condenação é uma variável importante”. Segundo ele, uma eventual postergação do julgamento pode atrasar também eventuais sanções.

O mercado já acompanha, em paralelo, o cenário eleitoral de 2026. Para Aun, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), surge como alternativa forte, o que pode impulsionar ativos locais diante da expectativa de mudanças na política fiscal.

A deflação de 0,11% no IPCA de agosto, embora abaixo da mediana de projeções (-0,16%), não alterou significativamente o câmbio, mas reduziu apostas em cortes da taxa Selic em dezembro.

No campo do fluxo cambial, o Banco Central informou que, até 5 de setembro, houve ingresso líquido de US$ 743 milhões no comércio exterior e saída líquida de US$ 466 milhões no canal financeiro, resultando em superávit de US$ 277 milhões no mês. No ano, entretanto, o saldo é negativo em US$ 16,6 bilhões, reflexo de fortes retiradas do mercado financeiro.

“O fluxo está ruim desde o começo do ano, mas o carrego elevado e a fraqueza global do dólar dão espaço para quedas adicionais, ainda mais com a expectativa de cortes nos juros dos EUA”, avaliou Aun.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, operava estável no fim da tarde, em 97,800 pontos, após atingir mínima de 97,595 pela manhã.

Nos EUA, o índice de preços ao produtor (PPI) caiu 0,1% em agosto, contrariando a previsão de alta de 0,4%. Em 12 meses, avançou 2,6%, também abaixo da expectativa de 3,3%. O núcleo do PPI, que exclui itens voláteis, também surpreendeu com queda de 0,1% na margem, frente a projeção de +0,3%.

Agora, investidores aguardam a divulgação, nesta quinta-feira (11), da inflação ao consumidor (CPI) de agosto, que deve guiar apostas sobre o ritmo de cortes de juros pelo Federal Reserve até o fim do ano. O mercado já considera quase certa uma redução de 25 pontos-base na reunião do dia 17 de setembro.