Em Paranhos, um novo centro para proteger quem mais precisa
Cidade na fronteira com o Paraguai vai receber unidade para atendimento a mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência
DIREITOSEm uma cidade de pouco mais de 14 mil habitantes, na fronteira com o Paraguai, uma nova estrutura pública está prestes a nascer. Paranhos, no sul de Mato Grosso do Sul, foi escolhida para sediar um dos doze Centros Especializados de Atendimento à Mulher, Criança e Adolescente em Situação de Violência que o Governo do Estado está descentralizando em municípios estratégicos. A notícia foi dada pela secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, durante entrevista concedida ao programa Giro Estadual de Notícias.
A conversa foi ouvida, e assistida, simultaneamente por moradores de todo o estado, graças à transmissão pelas rádios do grupo e às redes sociais do Jornal A Crítica, no YouTube e Instagram. Em tempos de polarização, o rádio segue como o meio mais direto de chegar a lugares onde a internet ainda falha e a televisão não pega.
Viviane falou com calma. Explicou que a nova unidade de Paranhos faz parte do Programa Protege, lançado no fim de agosto, e que tem o objetivo de enfrentar a violência contra mulheres de maneira integrada. Não é só repressão, disse a secretária. É acolhimento, é escuta, é oferecer caminhos. E o mais importante: sem exigir boletim de ocorrência para que a mulher seja atendida.
O centro terá espaço para atendimento psicológico, orientação jurídica e até atividades que ajudam na reconstrução da autonomia — emocional e econômica — das mulheres. Se a vítima tiver filhos, eles também serão acolhidos.
A escolha de Paranhos não é aleatória. A cidade tem forte presença indígena e está em uma zona de fronteira onde o acesso a serviços públicos muitas vezes é limitado. É, portanto, um lugar simbólico para começar a mudar as coisas.
Além de Paranhos, cidades como Brasilândia, Mundo Novo, Porto Murtinho e Costa Rica também vão receber centros semelhantes.
Durante a entrevista, Viviane reforçou que o combate à violência exige mais do que leis e prisões. “É preciso mudar a cultura”, disse. E essa mudança começa, segundo ela, com a educação nas escolas, com a formação de grêmios estudantis, com o projeto EJA Mulher — que leva alfabetização e capacitação para mulheres adultas — e com o uso da tecnologia como aliada, como no WhatsApp Vitória, um canal automatizado com informações sobre proteção e serviços disponíveis.
A expectativa é que a nova unidade em Paranhos comece a funcionar nos próximos meses. E que, quando as portas se abrirem, elas não sirvam só para acolher. Sirvam também para libertar.