Redação | 10 de setembro de 2025 - 10h30

Tecnologia vira aliada na proteção de mulheres em situação de risco em MS

Secretária da Cidadania apresenta ações do programa Protege em entrevista transmitida para todo o estado

CIDADANIA
A secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza - (Foto: A Crítica)

Em entrevista concedida nesta terça-feira (10) ao Giro Estadual de Notícias — programa transmitido ao vivo a partir da Central de Jornalismo do Grupo Feitosa de Comunicação,— a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, detalhou as ações do programa Protege, voltado à proteção e fortalecimento da rede de atendimento a mulheres em situação de violência no estado.

Na conversa, Viviane destacou a criação do WhatsApp Vitória, uma ferramenta com inteligência artificial que concentra informações sobre políticas públicas e serviços disponíveis em tempo real. A tecnologia permite acesso direto a medidas protetivas, apoio jurídico e cursos de qualificação, facilitando o acolhimento e a autonomia das mulheres em situação de risco, inclusive em áreas remotas ou de difícil acesso.

A entrevista foi transmitida ao vivo para todo o estado e alcançou também o público nas redes sociais, ampliando o acesso às informações e reforçando o papel da comunicação como aliada da cidadania.

A secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza

Dados preocupantes reforçam a urgência - A fala da secretária foi contextualizada por um cenário preocupante: Mato Grosso do Sul registrou, em 2024, a segunda maior taxa de feminicídio do país, com 2,4 casos para cada 100 mil mulheres — ficando atrás apenas do Mato Grosso. O número de feminicídios no estado cresceu 15,7% em relação a 2023, passando de 30 para 35 casos. Em 2025, até julho, já haviam sido registradas 20 mortes, o que representa uma mulher assassinada a cada nove dias.

Os números também revelam o perfil da violência: 63,6% das vítimas eram negras (pretas ou pardas), e a maioria tinha entre 18 e 44 anos. Em 64,3% dos casos, os crimes ocorreram dentro da residência da vítima. Os agressores, em 97% dos casos com autoria identificada, eram homens — sendo 79,8% companheiros ou ex-companheiros das vítimas.

Além disso, os atendimentos pelo canal Ligue 180 cresceram 18,7% em 2024 no estado, enquanto as denúncias de violência doméstica e familiar aumentaram 12,49% no mesmo período. Esses dados reforçam a necessidade de ações integradas e efetivas para romper o ciclo da violência.

A secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, detalha as ações do programa Protege, voltado à proteção de mulheres em situação de violência em Mato Grosso do Sul

Rede ampliada e descentralizada

Outro ponto apresentado por Viviane Luiza foi a municipalização dos Centros Especializados de Atendimento à Mulher, Criança e Adolescente, com implantação prevista em 12 municípios estratégicos, incluindo Brasilândia, Ponta Porã, Corumbá, Paranhos e Sonora. A descentralização permitirá que mais mulheres tenham acesso a atendimento psicossocial, orientação jurídica e encaminhamento para o mercado de trabalho sem precisar sair de suas cidades.

“A violência doméstica ainda é o maior desafio que enfrentamos, especialmente por ocorrer dentro de casa e por envolver diferentes realidades — da mulher indígena à quilombola, da idosa à mulher trans. A solução precisa passar por educação, acolhimento e transformação cultural”, afirmou a secretária.

Educação e prevenção como eixo de mudança - O programa Protege também articula ações com a Secretaria de Educação, como a criação do projeto EJA Mulher, que une alfabetização a um modelo de ensino mais humanizado, com foco no empoderamento e na inclusão social de mulheres adultas. A iniciativa, já implantada em Campo Grande e com expansão para áreas indígenas como Paranhos, oferece estrutura para que mães possam estudar com tranquilidade, com salas de apoio para seus filhos.

Outra frente relevante é o apoio a 341 grêmios estudantis em escolas estaduais, que estão recebendo formação para atuar como agentes de transformação e enfrentamento da violência desde a juventude. “Estamos formando futuros líderes com outra visão de sociedade. E isso começa dentro das escolas”, disse Viviane.

Impacto estadual - A entrevista destacou a articulação entre governo, sociedade civil e setor de comunicação como essencial para a transformação social. Ao ser transmitida simultaneamente em todo o estado e amplificada pelas plataformas digitais, a conversa cumpriu o papel de ampliar o acesso à informação e fortalecer a consciência coletiva sobre o enfrentamento à violência de gênero.

“Se queremos uma sociedade livre da violência, precisamos começar dentro de casa, com educação e apoio real. E o programa Protege é esse instrumento de mudança”, concluiu a secretária.