Pepita Ortega, Lavínia Kaucz e Gabriel Hirabahasi | 10 de setembro de 2025 - 09h25

Fux pede rigor ético no Judiciário e ressalta que STF age com cautela em ações penais

Ministro defende independência judicial, atuação limitada do Supremo em casos criminais e importância da imparcialidade

POLÍTICA
O ministro Luiz Fux, do STF, votará nesta quarta-feira no julgamento sobre o núcleo crucial da trama golpista - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux afirmou nesta quarta-feira (10) que o Judiciário deve agir com “cautela e responsabilidade” também em ações criminais. Ele lembrou que a Constituição restringe de forma rigorosa a atuação originária da Corte em processos penais. “A competência do Supremo nessa área é excepcionalíssima”, destacou.

Segundo Fux, os princípios que orientam o processo penal, como dignidade humana e busca pela verdade, valem tanto na primeira instância quanto no STF. “O juiz constitucional precisa reafirmar perante a sociedade que a Constituição protege a todos, especialmente no campo da justiça criminal.”

O ministro reforçou o papel do Ministério Público como protagonista na acusação, destacando que cabe ao órgão construir uma narrativa “probabilisticamente convincente, acima de qualquer dúvida razoável”. A acusação deve ser sólida, coesa e sustentada por provas claras.

Já o juiz deve atuar com imparcialidade e autonomia. “Mesmo sem poder investigativo, cabe ao magistrado garantir a regularidade do processo criminal e emitir seu veredicto com isenção.” Fux acrescentou: “A independência do juiz está em ser racional, não reagindo a pressões sociais ou políticas. É preciso firmeza para condenar com certeza e humildade para absolver em caso de dúvida.”

Fux destacou que decisões da Suprema Corte têm repercussão ampla e duradoura: cada precedente é um “patrimônio público” que orienta os mais de 90 tribunais no país. Como guardiões da Constituição, os ministros devem equilibrar pluralidade de ideias com o respeito à lei.