Reforma Tributária bate à porta do campo e desafia produtor a se adaptar
No Sindicato Rural de Campo Grande, especialistas explicam o que muda para quem vive do agronegócio
AGRONEGÓCIOA semana começou com alerta no campo. Na manhã de segunda-feira (08 de setembro), produtores rurais se reuniram no auditório do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), para ouvir o advogado tributarista Roberto Oshiro. O tema era um só: a Reforma Tributária. Depois de décadas de idas e vindas no Congresso, o texto foi aprovado e deve mudar bastante a forma como se paga imposto no Brasil.
O novo sistema prevê um modelo de imposto único dividido em duas partes: o CBS, que será federal, e o IBS, que ficará com estados e municípios. A promessa, segundo Oshiro, é simplificar tudo. Mas, como toda mudança, traz também dores de cabeça no começo. “Vamos ter menos disputas na Justiça, mais previsibilidade e fim do imposto sobre imposto. Mas também vem aumento de custo, adaptação digital e uma boa dose de paciência para entender o que vale e o que muda”, explicou o tributarista.
Os produtores ouviram atentos. E com razão: contratos de arrendamento e parceria vão mudar já em 2025. E a partir de janeiro de 2026, nenhuma nota fiscal será aceita se não estiver com os campos de CBS e IBS preenchidos direitinho. Isso significa que, sem atualização nos sistemas e sem treinamento da equipe, a chance de erro aumenta.
Oshiro destacou que pequenos produtores – com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano – terão um regime especial. Também haverá alíquota zero para produtos da cesta básica e hortifrutigranjeiros, além de desconto de 60% nos tributos dos insumos agropecuários. Mesmo assim, o alerta está dado: cada propriedade precisará fazer seu próprio planejamento tributário, de forma personalizada.
Para quem exporta, a notícia é boa: haverá suspensão de impostos por até 180 dias na venda de produtos in natura. E as cooperativas também entram no pacote, com créditos presumidos em compras de cooperados não contribuintes.
A transição vai até 2033. E até lá, o produtor rural vai precisar estar mais organizado, formalizar processos e manter os contratos em dia. “Quem fizer isso antes, vai sair na frente”, resumiu Oshiro.
O presidente do SRCG, Eduardo Monreal, reforçou que o sindicato vai seguir ao lado do produtor nesse caminho. “Nosso papel é informar e acompanhar. A reforma traz riscos, mas também pode abrir portas. Quem se preparar vai conseguir proteger seu negócio – e talvez até crescer com isso”, disse.