Raisa Toledo | 09 de setembro de 2025 - 19h00

STF tem dois votos pela condenação de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe

Alexandre de Moraes e Flávio Dino já se manifestaram pela condenação dos oito réus; julgamento será concluído até sexta-feira, 12

CONFIRA
A ordem dos ministros para a votação é: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. - (Foto: Antonio Augusto/STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) já contabiliza dois votos pela condenação dos oito réus do chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Primeira Turma da Corte retomou nesta terça-feira (9) a análise da ação penal, que deve ser concluída até sexta (12).

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, abriu a votação, seguido por Flávio Dino. Os próximos a votar são Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Turma.

Voto de Alexandre de Moraes

Alexandre de Moraes, relator, votou pela condenação dos réus do 'núcleo crucial' da trama golpista. = (Foto: Wilton Junior/Estadão)

Em seu voto, Moraes classificou Bolsonaro como líder da organização criminosa que articulou o golpe. Ele ressaltou que o plano só não avançou porque os comandantes do Exército e da Força Aérea não aderiram à proposta.

Segundo o ministro, o processo “mostra claramente a consumação dos tipos apontados pela Procuradoria-Geral da República”. Os réus respondem por crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Moraes afirmou que o Brasil “quase voltou a uma ditadura porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições e não sabe que é um princípio democrático e republicano a alternância de poder”.

Voto de Flávio Dino

O ministro Flávio Dino disse que os fatos apresentados na ação penal são 'incontroversos'. - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O ministro Flávio Dino acompanhou o relator. Para ele, as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República são consistentes e “estão acima de qualquer dúvida razoável”.

“As sustentações orais têm um elemento que as uniu: não há esforço conducente a infirmar materialidade. Praticamente os fatos são incontroversos quanto ao que empiricamente ocorreu no nosso País”, declarou.

Dino também fez referência a decisões recentes da Corte envolvendo crimes contra o Estado Democrático de Direito, como o indulto concedido por Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira, e sinalizou que a tendência é de rejeição a uma eventual anistia discutida no Congresso.