Bruno Accorsi | 08 de setembro de 2025 - 19h15

Corinthians mantém apuração interna sobre ex-presidentes sem prazo definido

Conselho Deliberativo analisa denúncias contra Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo, enquanto Ministério Público já conduz investigação paralela

CORINTHIANS
O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Jr, durante entrevista coletiva. - (Foto: Fábio Vieira/Estadão)

A investigação interna do Corinthians sobre supostos gastos irregulares nas gestões de três ex-presidentes — Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo — segue sem previsão de conclusão. O processo está atualmente sob análise da Comissão de Justiça do clube e só depois será encaminhado à Comissão de Ética.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (9), Leonardo Pantaleão, vice-presidente do Conselho Deliberativo (CD) e também presidente da Comissão de Ética, afirmou que os prazos só começarão a valer quando o caso chegar à sua instância.
“Não existe um prazo formal, mas há o bom senso e a necessidade de cobrança. Essa é a determinação que recebi do presidente Romeu Tuma Jr., e vou cumprir”, disse.

Segundo o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, o andamento da apuração também depende da reorganização das comissões internas. Alguns conselheiros devem ser deslocados para colaborar com a nova gestão administrativa.

“Haverá uma reformulação nas comissões do Conselho. Precisamos de maior efetividade nos trabalhos e também acomodar conselheiros que serão chamados para atuar na gestão. Estamos aguardando essa definição”, explicou Tuma.

Caso sejam comprovadas infrações estatutárias, os três ex-presidentes podem até ser banidos do clube. O Ministério Público (MP), que já investiga as denúncias, solicitou à Justiça o afastamento temporário dos dirigentes das funções deliberativas.

Antes da coletiva, o Corinthians confirmou em nota oficial que entregou ao MP documentos financeiros referentes ao período entre 2018 e 2025. A direção explicou que houve demora na organização desse material por conta da invasão ao Parque São Jorge em 31 de maio, quando documentos foram subtraídos durante tentativa de retorno de Augusto Melo à presidência por meio de uma decisão judicial.

“São arquivos volumosos, alguns precisaram ser solicitados novamente a bancos. Nossa atribuição é entregar a documentação de forma clara e transparente. A apuração criminal é de responsabilidade do MP, não do Conselho”, ressaltou Pantaleão.

O caso veio à tona após o vazamento de faturas do cartão corporativo do clube. Andrés Sanchez admitiu ter usado o cartão do Corinthians em uma viagem de Réveillon, entre 2020 e 2021, mas disse ter se confundido com o seu cartão pessoal. O gasto de R$ 9.416 foi devolvido com juros.

Já a gestão de Duílio Monteiro Alves entrou no radar do MP após reportagem do GE mostrar despesas de R$ 32,5 mil em uma empresa de alimentos cujo endereço não apresentava sinais de funcionamento. O promotor Cassio Roberto Conserino visitou o local e confirmou a inexistência de comércio.

Augusto Melo, por sua vez, foi destituído do cargo em agosto deste ano, enquanto respondia a processo por furto qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro em contrato com a antiga patrocinadora Vai de Bet. Embora não haja indícios de mau uso do cartão corporativo em sua gestão, o MP requisitou acesso às faturas para análise.

Todos os investigados alegam inocência. Andrés Sanchez afirmou que sua gestão foi pautada pela “legalidade e compromisso institucional”. Em comunicado, Augusto Melo declarou que sempre agiu com “transparência”. Duílio Monteiro Alves ainda não se pronunciou sobre as suspeitas levantadas pelo MP.