08 de setembro de 2025 - 16h50

MST bloqueia rodovia no Tocantins e cobram ação do Incra sobre desapropriações

Protesto interditou trecho da TO-404 por sete horas; Incra promete reunião com acampados nesta terça-feira

INTERDIÇÃO
Movimento foi suspenso após agendamento de reunião com autoridades - (Foto: MST/Divulgação)

Um grupo com mais de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloqueou, na manhã desta segunda-feira (8), um trecho da rodovia TO-404, no município de Araguatins, norte do Tocantins, a cerca de 600 quilômetros de Palmas. O protesto cobrou do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a desapropriação de duas propriedades rurais na região do Bico do Papagaio, área reivindicada para fins de reforma agrária.

O grupo vive desde 2013 no Acampamento Carlos Marighella, às margens da rodovia. Com bandeiras, enxadas e galhos de árvores, os manifestantes interditaram a pista entre Araguatins e Augustinópolis das 5h até o meio-dia. Pneus e troncos foram colocados na via, impedindo o tráfego de veículos.

O bloqueio só foi encerrado após representantes da superintendência estadual do Incra garantirem que uma reunião será realizada com as famílias nesta terça-feira (9). O superintendente do órgão no estado, Edmundo Rodrigues, estará presente, acompanhado do conciliador agrário regional Geraldino Gustavo e do diretor de Obtenção de Terras, Hilton Faria.

Segundo o MST, o foco do protesto é pressionar o Incra a vistoriar duas propriedades: as fazendas Água Amarela e Santa Hilário, ambas localizadas em Araguatins. De acordo com o movimento, as terras são públicas e, por isso, já teriam sido objeto de decisões favoráveis à desapropriação. No caso da fazenda Água Amarela, o título de propriedade foi cancelado; já sobre a Santa Hilário, o MST afirma que existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que valida o processo de retomada da área.

Apesar disso, as famílias acusam o Incra de adiar repetidamente as vistorias necessárias para avançar no processo de regularização fundiária. "Apesar da clareza legal, as famílias denunciam o adiamento contínuo das vistorias, além de um aumento preocupante da violência no local, com carros passando e disparando contra o acampamento e barracos sendo incendiados", declarou o movimento.

Em nota à Agência Brasil, a superintendência do Incra no Tocantins reconheceu que o Programa Nacional de Reforma Agrária foi paralisado nas gestões anteriores e que está retomando gradualmente suas ações.

"As demandas apresentadas pelas famílias [do Acampamento Carlos Marighella] já foram tratadas em reunião ocorrida na superintendência no mês de agosto", informou o órgão. O Incra também confirmou que a vistoria dos imóveis está programada para ocorrer ainda este mês.

O órgão afirmou ainda que mantém diálogo com as lideranças do MST, com os moradores do acampamento e com a Polícia Militar da região, na tentativa de encontrar uma saída pacífica para o impasse.

Até o momento, os proprietários das fazendas citadas não se pronunciaram.