Gabriel Damasceno | 08 de setembro de 2025 - 12h40

Mais de 1 bilhão de pessoas convivem com transtornos mentais no mundo, alerta OMS

Relatórios apontam desigualdade no acesso a cuidados, alta prevalência de ansiedade e depressão e falta de investimentos na área

SAÚDE MENTAL
O suicídio segue como uma das principais causas de morte entre jovens. - Foto: Justin Paget/Getty Images

Mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem atualmente com algum transtorno mental, segundo dados do World Mental Health Today e do Mental Health Atlas 2024, divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade alerta que a crise afeta não apenas a saúde das pessoas, mas também a economia global, reforçando a necessidade urgente de ampliar os serviços de prevenção e tratamento.

De acordo com os levantamentos, as mulheres são mais afetadas do que os homens, especialmente por quadros de ansiedade e depressão — os transtornos mais comuns, presentes em todas as regiões e faixas de renda. Essas condições já figuram como a segunda maior causa de incapacidade no longo prazo e têm impacto direto nos custos de saúde e na produtividade econômica.

“Transformar os serviços de saúde mental é um dos maiores desafios da saúde pública”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Ele destacou ainda que “investir em saúde mental significa investir em pessoas, comunidades e economias, um investimento que nenhum país pode se dar ao luxo de negligenciar”.

A OMS aponta que o suicídio provocou cerca de 727 mil mortes em 2021, sendo uma das principais causas de óbito entre jovens em diferentes contextos sociais. A meta global estabelecida pela ONU é reduzir em um terço as taxas até 2030, mas o ritmo atual aponta para uma queda de apenas 12%.

O relatório mostra alguns progressos: a maioria dos países já conta com programas de prevenção, especialmente em escolas e na primeira infância. Mais de 80% oferecem apoio psicossocial em situações de emergência, um salto em relação a 2020, quando o índice era de 39%. Houve também expansão dos atendimentos ambulatoriais e via telemedicina.

Apesar disso, o financiamento segue insuficiente. Desde 2017, apenas 2% dos orçamentos de saúde são destinados à saúde mental. Enquanto países ricos chegam a investir até US$ 65 por pessoa, os de baixa renda aplicam apenas US$ 0,04. A falta de profissionais também é crítica: a média mundial é de 13 especialistas para cada 100 mil habitantes, mas nas regiões mais pobres esse número é ainda menor.

Outro entrave é a concentração de cuidados em hospitais psiquiátricos. Poucos países adotaram modelos de atendimento comunitário, e quase metade das internações ainda ocorre de forma involuntária, muitas vezes ultrapassando um ano. Além disso, a escassez de dados limita o monitoramento e a formulação de políticas eficazes.

Chamado à ação

Para mudar esse cenário, a OMS pede que governos e organizações internacionais priorizem a saúde mental, garantindo:

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