Tarcísio de Freitas chama Moraes de tirano e volta a defender anistia para Bolsonaro
Em ato na Avenida Paulista, governador de São Paulo elevou tom contra o STF, disse que processo contra o ex-presidente está "maculado" e pediu votação imediata no Congresso
POLÍTICAO governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), subiu o tom neste sábado (7) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em discurso na Avenida Paulista, diante de milhares de apoiadores bolsonaristas, Tarcísio acusou Moraes de impor uma “tirania” que, segundo ele, “ninguém aguenta mais”.
“Por que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no País”, afirmou o governador, logo após os manifestantes puxarem o coro de “Fora Moraes”.
A crítica representa uma mudança de postura de Tarcísio, que costuma adotar um tom mais cauteloso em relação ao Supremo, apesar da proximidade com Jair Bolsonaro. Em Brasília, o governador é visto como um dos poucos bolsonaristas com trânsito entre ministros da Corte.
Tarcísio reforçou em diferentes momentos do discurso a necessidade de aprovar uma anistia ampla para os condenados do 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro. “Se estamos hoje aqui defendendo anistia, é porque a gente sabe que esse processo está maculado e viciado. Essa anistia, assim como foi em 1979, tem que ser ampla e irrestrita, garantia da liberdade”, disse, fazendo referência à medida adotada durante a ditadura militar.
O governador alegou que não há provas contra Bolsonaro e criticou o uso da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, como base para a investigação. “Que história é essa? Como vão condenar uma pessoa sem nenhuma prova? O que eles têm é uma única delação e o colaborador mudou de versão seis, sete vezes em três dias, sob coação. Essa delação vale de alguma coisa? Uma delação mentirosa”, declarou.
Sem citar diretamente, Tarcísio também deu sinais de que associava Moraes à figura de um “ditador”. “Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que precisamos fazer, é isso que precisamos defender. Chega do abuso, chega. Novos tempos virão. Vamos celebrar de novo com um líder que vai estar solto”, disse, em alusão a Bolsonaro.
O governador afirmou ainda que o julgamento do ex-presidente está contaminado por vícios processuais. “Não se pode destruir a democracia sob pretexto de resgatá-la”, discursou.
A manifestação de 7 de setembro na Avenida Paulista reuniu milhares de apoiadores de Bolsonaro e teve como pautas centrais a anistia aos condenados do 8 de janeiro e críticas ao STF. O ato contou também com a participação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do pastor Silas Malafaia, do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), além de parlamentares do PL e aliados próximos ao ex-presidente.