Conta de luz gratuita até 80 kWh pode garantir energia para famílias de baixa renda
MP 1.300 precisa ser aprovada até 17 de setembro para beneficiar milhões com tarifa social simplificada
ENERGIA E CIDADANIAMilhões de famílias de baixa renda podem passar a ter isenção total na conta de luz, caso o Congresso aprove a Medida Provisória 1.300/2025. O texto garante gratuidade para quem consome até 80 kWh por mês e cria novas faixas de desconto para quem tem renda de até um salário mínimo por pessoa. A medida precisa ser votada até o dia 17 de setembro, ou perde a validade.
Com 80 kWh por mês, uma família consegue manter funcionando uma geladeira, um ventilador e uma televisão, por exemplo — itens essenciais para o conforto e a dignidade no dia a dia. O novo modelo também quer facilitar o entendimento por parte dos beneficiários, acabando com a antiga regra de descontos por faixas, considerada confusa.
Poderão ser beneficiadas famílias inscritas no CadÚnico com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa, além de comunidades indígenas, quilombolas e moradores da zona rural.
Para quem consome entre 80 e 120 kWh, a MP prevê descontos proporcionais, desde que a renda per capita não ultrapasse um salário mínimo. O foco, segundo o relator da proposta, deputado Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE), foi garantir uma regra mais clara e que tenha viabilidade de aprovação no Congresso.
A proposta faz parte de um pacote de medidas sobre energia elétrica e, por enquanto, concentra-se apenas na tarifa social. Outros temas, como produção própria de energia, uso de baterias e regras para grandes empresas, serão discutidos na MP 1.304/2025, com prazo até novembro.
Para a presidente do Conselho de Consumidores de Energia do MS (Concen-MS), Rosimeire Costa, a MP 1.300 é urgente. Ela participou de uma reunião da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo, e defende que a inclusão energética precisa ser tratada como prioridade.
Segundo Rosimeire, o consumo mínimo de 80 kWh pode garantir dignidade para famílias em situação de vulnerabilidade. "É o suficiente para manter uma geladeira, um ventilador e dar um mínimo de qualidade de vida", afirmou.
Ela também destaca que o momento climático e econômico exige atenção redobrada. "Negar esse benefício é manter essas famílias na exclusão energética. Se o governo apoia setores que já se sustentam, como a indústria, também deve proteger os mais pobres."
A expectativa do governo é que a proposta seja votada na Câmara até 10 de setembro e no Senado até o dia 16. O prazo final é 17 de setembro. Após isso, a medida perde efeito.