Gabriel de Sousa e Naomi Matsui | 06 de setembro de 2025 - 07h50

Lula diz que relação com EUA 'voltará à normalidade', mas critica postura de Trump sobre tarifas

Presidente afirmou que resistência ao diálogo parte da Casa Branca, classificou taxação como política e defendeu ampliar compras de países dispostos a negociar

ECONOMIA
O presidente disse que a taxação vai prejudicar os americanos e defendeu que o Brasil compre de países que queiram negociar - (Foto: WILTON JUNIOR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta sexta-feira (5) acreditar que a relação entre Brasil e Estados Unidos será restabelecida, apesar das tensões recentes com o governo de Donald Trump. Em entrevista ao SBT, Lula ressaltou que a aproximação entre os povos deve superar divergências políticas.

“A relação Brasil-Estados Unidos vai voltar à normalidade, porque o povo americano e o povo brasileiro são mais inteligentes do que os presidentes. Se os presidentes não conseguem acertar, pode ter certeza que os povos vão cuidar das coisas harmônicas”, disse.

Lula afirmou que o governo brasileiro tem encontrado barreiras no diálogo direto com Washington. Questionado se já passou da hora de conversar pessoalmente com Trump, o presidente respondeu: “Não passou da hora, porque ele não quer conversar. Eu tenho Alckmin, Haddad e Mauro Vieira para conversar. Mauro, pergunte se alguém tem interlocutor. Não tem interlocutor.”

O presidente voltou a criticar a decisão de Trump de aplicar tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras. Para Lula, a medida terá impacto negativo para os próprios consumidores norte-americanos.

“Se os Estados Unidos acham que o seu presidente virou imperador e que pode ditar regra para o mundo, eles vão ver o que pode acontecer. O povo americano vai pagar mais caro os produtos que estão comprando”, declarou.

Segundo Lula, a fala do vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, confirma o caráter político da decisão: “O secretário de Estado falou: ‘A taxação do Brasil não é comercial, é política’. A carta do Trump mostra que é política.”

Lula destacou a importância da China como parceira estratégica, especialmente no setor tecnológico. Ele citou os avanços chineses na indústria de carros elétricos: “A China pode nos trazer conhecimento científico e tecnológico como ninguém. Hoje, está dando um banho na questão de carros elétricos.”

Apesar do reconhecimento, o presidente defendeu que o Brasil poderá adotar medidas de proteção à indústria nacional: “Nós iremos fazer aumento de taxação em qualquer produto estrangeiro que esteja prejudicando o produto brasileiro.”