Agência Estado | 05 de setembro de 2025 - 17h15

Independiente rompe com Conmebol após punição e exige retirada de acervo do museu

Após ser eliminado da Sul-Americana por confusão com torcida da Universidad de Chile, clube argentino acusa entidade de parcialidade e condenação política

POLÊMICA NO FUTEBOL
Cenas de violência em Avellaneda chocaram o mundo do futebol. - (Foto: Alejandro Pagni/ AFP)

Um dia após ser excluído da Copa Sul-Americana em meio aos graves episódios de violência ocorridos no jogo de volta contra a Universidad de Chile, o Independiente, da Argentina, reagiu com dureza. Em carta oficial enviada ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, o clube acusou a entidade de agir com parcialidade e denunciou o que chama de "condenação política". A diretoria ainda exigiu que todas as referências ao clube sejam removidas do Museu da Conmebol.

A partida, realizada em Avellaneda, foi marcada por cenas brutais de violência nas arquibancadas. Segundo relatos, torcedores do Independiente invadiram o setor visitante, agredindo torcedores chilenos. O confronto resultou em ao menos 195 feridos, sendo dez em estado grave.

A Conmebol não apenas eliminou o time argentino da competição como impôs uma multa de US$ 150 mil (cerca de R$ 815 mil), além de punições esportivas severas: sete partidas em casa com portões fechados e sete jogos como visitante sem torcida — mesma pena aplicada ao time chileno, que avançou às quartas de final.

Para o Independiente, as medidas foram desproporcionais e favoreceram seu adversário. "É uma decisão política que expõe a preferência por estruturas privadas por meio das quais é mais fácil projetar acordos, negócios e benefícios futuros", afirmou o clube na carta.

A diretoria também se queixou de tratamento desigual. "Enquanto o Independiente é uma instituição social com mais de 120 anos e sustentada por seus associados, a Universidad de Chile opera como uma sociedade anônima voltada ao lucro", criticou, reforçando a ideia de que a entidade teria favorecido o modelo empresarial da equipe chilena.

O clube ainda sustenta que a confusão foi iniciada por torcedores chilenos, que teriam atirado pedras contra a torcida adversária após o intervalo. "A violência se transformou num atalho para evitar a competição até o final", declarou, alegando que a Universidad de Chile estava em risco de ser eliminada em campo, já que havia perdido o primeiro jogo por 1 a 0.

O comunicado do clube argentino também resgata frases já utilizadas pela própria Conmebol em campanhas anteriores. "O futebol não se ganha com pedras ou agressões, se ganha pelos jogadores no jogo", destacou o Independiente, afirmando que a decisão da entidade contradiz essa premissa e envia uma mensagem perigosa ao continente: "os violentos sempre podem se safar".

Num gesto simbólico, o clube argentino pediu a retirada imediata de qualquer referência a sua história no museu da entidade. "Exigimos que se elimine toda menção à nossa instituição no Museu da Conmebol enquanto você continuar na presidência", escreveu, dirigindo-se a Domínguez.

A diretoria considera que a postura da Conmebol ameaça o espírito esportivo e estabelece um precedente perigoso para futuras competições. "Essa decisão não é apenas injusta, mas compromete os valores que sustentam o futebol sul-americano há mais de um século", finalizou.