Morre aos 75 anos o cineasta Silvio Tendler, referência do documentário brasileiro
Conhecido como 'cineasta dos sonhos interrompidos', diretor deixa legado com mais de cem obras, incluindo Jango e Os Anos JK
LUTOO cinema brasileiro perdeu um de seus maiores nomes nesta sexta-feira (5). Silvio Tendler, documentarista, professor e historiador conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos”, morreu aos 75 anos, vítima de infecção generalizada após complicações de uma neuropatia diabética. A morte foi confirmada pela Caliban Produções Cinematográficas, produtora fundada por ele.
“Hoje, a Caliban se despede de seu fundador, o documentarista, utopista e admirador da vida, Silvio Tendler. Ele partiu aos 75 anos, após 57 de dedicação ao cinema nacional”, escreveu a produtora em homenagem.
Nascido em 1950, no Rio de Janeiro, Silvio começou sua relação com o cinema ainda jovem. Em 1968, assumiu a presidência da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro e, pouco tempo depois, se exilou no Chile, em razão da ditadura militar. Mais tarde, mudou-se para Paris, onde se especializou em cinema documental.
De volta ao Brasil em 1976, iniciou a produção de seu primeiro grande filme, “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (1980). Pouco depois, conquistou público e crítica com “O Mundo Mágico dos Trapalhões” (1981) e “Jango” (1984), sobre a trajetória política do ex-presidente João Goulart.
Ao longo de mais de cinco décadas, produziu e dirigiu mais de 100 obras, entre curtas, médias, longas e séries. Seu acervo pessoal conta com mais de 80 mil títulos históricos, usados em suas pesquisas.
Silvio fundou a Caliban Produções Cinematográficas e participou da criação da Fundação do Novo Cinema Latino-americano, além de ser ativo em festivais internacionais. Também atuou como Secretário de Cultura e Esporte do Distrito Federal (1995-1996) e recebeu inúmeras honrarias, como a Medalha JK (2003).
Entre os personagens retratados em seus documentários estão Carlos Marighella, Glauber Rocha, Milton Santos, Oswaldo Cruz e Tancredo Neves.
Silvio Tendler detém as três maiores bilheteiras da história do documentário brasileiro com “Os Anos JK”, “O Mundo Mágico dos Trapalhões” e “Jango”.
Silvio deixa a esposa, Fabiana Versasi, a filha, Ana Rosa Tendler, e um neto. O velório será realizado neste domingo (7), às 11h, no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro.
“Silvio deixa a semente da justiça social plantada em todos nós”, diz o comunicado da Caliban.