Redação, O Estado de S. Paulo | 05 de setembro de 2025 - 10h15

Tragédia no Elevador da Glória: 11 das 16 vítimas em Lisboa eram estrangeiras

Acidente com funicular histórico deixou também 21 feridos; três brasileiros estão entre as vítimas, segundo Itamaraty

INTERNACIONAL
Testemunhas contaram que o bonde desceu a rua íncreme e bateu contra um prédio, desabando como 'uma caixa de papelão'. - (Foto: MIGUEL A LOPES/ Shutterstock)

A Polícia de Portugal informou nesta sexta-feira (5) que 11 das 16 pessoas mortas no descarrilamento do Elevador da Glória, em Lisboa, eram estrangeiras. O acidente ocorreu na noite de quarta-feira (3), quando o funicular saiu dos trilhos durante a descida de uma rua íngreme no centro da capital portuguesa.

Entre os mortos estão cinco portugueses, três britânicos, dois canadenses, dois sul-coreanos, um americano, um francês, um suíço e um ucraniano. O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou que três brasileiros ficaram feridos; dois já receberam alta, enquanto uma mulher segue hospitalizada.

Um alemão chegou a ser erroneamente listado entre os mortos, mas foi localizado em um hospital de Lisboa. A lista definitiva foi divulgada após a identificação forense.

O acidente mobilizou autoridades e emocionou a população. Segundo o primeiro-ministro Luís Montenegro, trata-se de “uma das maiores tragédias do passado recente” do país. O governo decretou luto nacional na quinta-feira (4).

O Ministério das Relações Exteriores da França informou que uma das vítimas tinha dupla cidadania franco-canadense. Também foram confirmadas as mortes do guarda-freio do bonde, André Marques, e de quatro funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, instituição localizada no topo da colina onde o funicular opera.

O Serviço Nacional de Saúde de Portugal informou que há feridos de diversas nacionalidades, incluindo espanhóis, israelenses, italianos e brasileiros.

As causas do descarrilamento ainda não foram esclarecidas. O Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários concluiu a análise dos destroços e divulgará um relatório preliminar ainda nesta sexta-feira. A polícia deve apresentar um documento mais amplo em até 45 dias.

Segundo a empresa Carris, responsável pelo transporte em Lisboa, o Elevador da Glória passou por manutenção completa em 2023 e era submetido a inspeções diárias de 30 minutos. A última ocorreu cerca de nove horas antes do acidente. Outros três funiculares da cidade tiveram suas operações suspensas até novas verificações.

Na noite de quinta-feira, uma missa solene foi realizada na Igreja de São Domingos, em Lisboa, com a presença do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, do prefeito Carlos Moedas e do primeiro-ministro. Centenas de pessoas participaram, muitas vestidas de preto e em silêncio, em meio à iluminação de velas.

Testemunhas descreveram cenas de pânico. A turista britânica Felicity Ferriter, de 70 anos, contou que ouviu “um barulho horrível” de seu hotel próximo. Já a italiana Francesca di Bello, de 23 anos, afirmou que esteve no bonde poucas horas antes da tragédia e declarou que não pretende mais andar em funiculares.

O Elevador da Glória, inaugurado em 1914 e classificado como Monumento Nacional, é um dos símbolos turísticos de Lisboa, transportando moradores e visitantes entre a Baixa e o Bairro Alto. O funicular pode levar mais de 40 passageiros em cada viagem.