MP denuncia ex-assessor de Moraes e juiz por esquema milionário de desvios de heranças
Eduardo Tagliaferro, que trabalhou no TSE, e o magistrado Peter Eckschmiedt são acusados de integrar organização criminosa
POLÍTICAA Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), por organização criminosa. Ele é acusado de envolvimento em um esquema que teria desviado valores milionários de heranças não partilhadas e de idosos com doenças graves.
De acordo com a denúncia, o esquema era liderado pelo juiz Peter Eckschmiedt, da 2.ª Vara Cível de Itapevi, na Grande São Paulo, que também foi denunciado por peculato e organização criminosa, ao lado de outros 12 investigados.
Tagliaferro, que chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, atualmente mora na Itália. Ele é crítico das investigações conduzidas por Moraes sobre os atos de 8 de janeiro. Sua defesa classificou a denúncia como “deplorável” e uma tentativa de “asfixiar quem tem muito a dizer e esclarecer”.
Segundo o procurador-geral Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, Peter Eckschmiedt era a “figura central” do grupo. Ele usava sua posição para dar andamento a processos fraudulentos, emitir decisões e permitir a transferência de valores para contas judiciais controladas pela quadrilha.
Em agosto de 2023, o magistrado foi alvo de buscas e teve R$ 1,7 milhão em espécie apreendidos em sua casa, em Jundiaí (SP). Em maio deste ano, foi aposentado compulsoriamente pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, mas continuava recebendo vencimentos proporcionais. Agora, o MP pede a cassação definitiva do cargo, o que levaria à perda da aposentadoria.
As investigações apontam que, desde 2021, o grupo forjava títulos executivos em nome de falecidos e ajuizava ações fraudulentas na vara de Itapevi, apropriando-se de fortunas “esquecidas” em contas bancárias.
Um dos episódios citados envolve um empresário de Campinas, morto em 2021. A organização teria criado um título falso de R$ 95 milhões, colocando-o como devedor em um processo contra uma construtora.
O escrevente Luís Gustavo Cardoso foi apontado como braço direito do juiz. Ele recebia depósitos de R$ 1.500 por indicar casos promissores à quadrilha. Segundo o MP, os repasses eram enviados por Peter, que os chamava de “presentinhos”.
Em nota, os advogados de Tagliaferro negaram qualquer participação no esquema.
“A denúncia é deplorável. Inclui, sem embasamento investigatório, pessoa absolutamente alheia aos fatos. Parece mais uma tentativa de perseguir quem já vem sendo perseguido”, afirmou a defesa, que disse confiar na Justiça paulista.
A defesa de Peter Eckschmiedt ainda não se manifestou.