Galvão Bueno critica Globo e revela novos sonhos aos 75 anos
Narrador fala sobre mágoas da antiga emissora, planos na televisão e aposta em novo ídolo do tênis brasileiro
ESPORTESAos 75 anos, Galvão Bueno mostra que ainda não pensa em aposentadoria. Mesmo após deixar a Globo, onde atuou por mais de quatro décadas, o narrador segue na ativa, dividindo-se entre transmissões esportivas no Amazon Prime Video, o comando do programa Galvão e Amigos, na Band, e projetos em canais digitais. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele falou abertamente sobre sua saída da emissora carioca, expôs mágoas com a forma como foi tratado e compartilhou seus sonhos ainda não realizados.
O veterano locutor esportivo revelou que a saída da Globo, em 2022, não foi exatamente amistosa. Após o fim do contrato, ele havia combinado com a empresa que não exerceria atividades similares em canais de televisão aberta por dois anos — cláusula conhecida como non compete. Durante esse período, Galvão chegou a narrar um amistoso da seleção brasileira contra Marrocos, em março de 2023, em seu canal no YouTube, o que teria causado desconforto na emissora.
Perto de encerrar esse acordo, Galvão foi surpreendido por uma proposta da Globo: a emissora sugeriu que ele apresentasse um novo projeto para manter os laços. A proposta, no entanto, foi recebida com estranheza.
“Foi se aproximando dos dois anos de non compete, perguntaram gentilmente: 'Você teria algum projeto para apresentar para continuar por aqui?' Achei um pouco de desaforo. Um pouco de falta de elegância: ter de apresentar um projeto depois de 43 anos de sucesso na Casa! 'Você tem algum projeto?', digo: 'Tenho: ir embora'”, declarou Galvão.
Mágoas e novos rumos
O narrador deixou claro que, apesar de ainda manter boas memórias da longa trajetória na Globo, a forma como a relação terminou deixou marcas. “Depois de tudo o que fiz, esperava mais consideração”, desabafou.
Desde então, Galvão tem se dedicado a novas frentes. Além de ser sócio do canal digital N Sports, também está envolvido em empreendimentos fora do jornalismo esportivo. Apesar da rotina agitada, ele ainda sonha com novos desafios, entre eles, comandar um programa de auditório — embora reconheça que o projeto é difícil de concretizar neste momento.
“É algo que eu gostaria muito, mas sei que é complicado. Tenho muitos compromissos e uma agenda bem cheia. Mas não descarto a ideia”, afirmou.
Paixão pelo esporte e aposta no tênis
Ao longo da carreira, Galvão Bueno foi a voz de momentos históricos do esporte brasileiro: narrou dois títulos da seleção em Copas do Mundo, conquistas olímpicas e corridas memoráveis na Fórmula 1. Apesar disso, um sonho ficou de fora: não ter narrado as conquistas de Gustavo Kuerten em Roland Garros.
“Lamento muito não ter narrado os títulos do Guga. Foram momentos importantes para o esporte brasileiro”, contou.
Ainda assim, ele se mostra atento ao cenário esportivo atual e revelou sua aposta para o futuro do tênis nacional: João Fonseca. Galvão vê potencial no jovem atleta, mas faz uma ressalva sobre o controle de energia nas partidas. “Ele tem tudo para ser o novo ídolo. Só precisa dosar melhor a força durante os jogos”, analisou.
Em atividade e com fôlego de sobra
Mesmo aos 75 anos, Galvão Bueno segue ativo no jornalismo esportivo e sem sinais de que pretende parar. A rotina entre transmissões, programas e negócios não assusta o narrador, que continua sendo uma das vozes mais reconhecidas e influentes do Brasil.
Longe de querer descansar, ele mostra que ainda tem muito a contribuir — e muitas histórias para contar. Seja nos microfones ou nos bastidores, Galvão segue fazendo história, agora em novos palcos e com liberdade para explorar novos caminhos.