Maduro diz que Venezuela responderá com 'república em armas' se for atacada por forças dos EUA
Presidente venezuelano acusa operação naval americana no Caribe de ser ameaça militar e convoca população a integrar milícias
INTERNACIONALDiante do aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (1º) que declararia uma “república em armas” caso o país seja atacado. Em resposta, Caracas reforçou tropas na costa e na fronteira com a Colômbia e convocou civis para integrar milícias.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (1º) que, em caso de ataque militar vindo dos Estados Unidos, seu governo “declararia constitucionalmente uma república em armas”. A fala ocorre após Washington ampliar a presença naval no Caribe com o objetivo declarado de combater o tráfico de drogas na região.
Embora os EUA não tenham sinalizado uma ação terrestre, a movimentação de navios na costa gerou reação imediata de Caracas. Tropas venezuelanas foram enviadas à costa e à fronteira com a Colômbia. Além disso, civis foram chamados a integrar milícias populares.
“Estamos diante de uma ameaça extravagante, injustificável, imoral e absolutamente criminosa, sangrenta”, declarou Maduro em pronunciamento transmitido pela TV estatal. Ele afirmou que “oito navios militares com 1.200 mísseis e um submarino estão apontados para a Venezuela”.
O presidente ainda declarou “máxima prontidão” das forças armadas para defender o território e disse que o país conta com um total de 8,2 milhões de pessoas entre militares, reservistas e milicianos preparados para atuar.
O governo norte-americano afirma que a ação militar visa combater cartéis de drogas, especialmente o tráfico de fentanil. A Venezuela, no entanto, rejeita a justificativa.
Segundo o chanceler venezuelano, Yván Gil, um relatório da ONU aponta que 87% da cocaína colombiana sai pelo Oceano Pacífico, e apenas 5% passa por território venezuelano. Para ele, a narrativa construída pelos EUA “ameaça toda a região” e pode levar a uma “completa desestabilização”.
Durante a coletiva, Maduro voltou a se referir a si mesmo como o vencedor das eleições presidenciais de 2024 — resultado não reconhecido por parte da comunidade internacional.
Ele também acusou o ex-presidente americano Donald Trump de fomentar a escalada militar. “Uma ofensiva militar contra Caracas mancharia as mãos de Trump com sangue”, afirmou. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, foi chamado de “senhor da guerra” pelo líder venezuelano.
Apesar das declarações, Maduro disse manter canais abertos de diálogo com Washington.