01 de setembro de 2025 - 17h05

Projeto Congênitos amplia cirurgias cardíacas infantis com teleorientação do Hcor

Tecnologia permite que médicos de São Paulo orientem equipes no Norte e Nordeste em tempo real

SAÚDE INFANTIL
Bebê Laura, de 7 meses, foi uma das primeiras pacientes operadas no projeto Congênitos em Fortaleza - (Foto: Levi Aguiar/HIAS)

Quando tinha apenas sete meses, a pequena Laura precisou de uma cirurgia no coração. O procedimento aconteceu no Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza, mas contou com um reforço importante: médicos do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo, acompanharam tudo à distância, em tempo real, graças ao Projeto Congênitos.

“Foi assustador saber que ela teria que fazer uma cirurgia cardíaca, mas conseguimos fazer com rapidez. Agradeço muito a toda a equipe do hospital”, disse a mãe, Maria Izonete Pinheiro.

O projeto já está em três hospitais do SUS: além do Albert Sabin, em Fortaleza, também funciona no Hospital Francisca Mendes (Manaus) e no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Recife).

Como funciona - Câmeras acopladas ao cirurgião transmitem a operação em tempo real para os especialistas em São Paulo, que acompanham os dados do paciente — como pressão, oxigenação e anestesia. Assim, conseguem orientar e sugerir ajustes durante o procedimento.

Segundo a cardiologista pediatra Geni Medeiros, do Albert Sabin, o apoio do Hcor aumenta a segurança. “A equipe paulista contribui com sugestões e boas práticas para melhorar os resultados”, explicou.

O problema no Brasil - Todos os anos, surgem cerca de 30 mil novos casos de cardiopatia congênita no país. A maioria das crianças precisa de cirurgia em algum momento, e metade delas ainda no primeiro ano de vida. O problema é que faltam centros especializados, e muitas vezes a operação atrasa — o que aumenta os riscos.

“Se a cirurgia acontece no momento certo, a criança pode levar uma vida praticamente normal. Mas, quando atrasa, os riscos crescem”, explicou Ieda Jatene, do Hcor.

O objetivo - O Projeto Congênitos faz parte do Proadi-SUS, que busca fortalecer hospitais públicos. A meta é realizar 60 cirurgias com teleorientação até o próximo ano, além de treinar equipes e padronizar os protocolos de atendimento.

Mais que tecnologia, é uma chance de dar às famílias esperança de ver seus filhos crescerem com saúde.