31 de agosto de 2025 - 17h40

Bombardeios israelenses em Gaza deixam ao menos 18 mortos e aumentam temor de ofensiva

Tanques e aviões atingem bairros residenciais enquanto Netanyahu discute avanço para tomar a Cidade de Gaza, último reduto do Hamas

CONFLITO INTERNACIONAL
Bombardeios israelenses atingem bairros da Cidade de Gaza, deixando ao menos 18 mortos e ampliando crise humanitária. - REUTERS/Amir Cohen

Forças israelenses intensificaram na noite de sábado (30) e madrugada de domingo (31) os bombardeios contra subúrbios da Cidade de Gaza, tanto por terra quanto por ar, destruindo casas e forçando milhares de famílias a deixar a região. Autoridades de saúde locais afirmam que pelo menos 18 pessoas morreram, entre elas 13 que tentavam buscar alimentos em um centro de ajuda humanitária e duas em uma residência na cidade.

Os ataques se concentram em Sheikh Radwan, um dos maiores bairros da capital, que permaneceu sob forte artilharia de tanques e bombardeios aéreos. "Eles estão se arrastando para o coração da cidade, onde centenas de milhares de pessoas estão abrigadas (...), para assustar as pessoas e fazê-las sair", relatou Rezik Salah, pai de dois filhos.

Cidade de Gaza sob cerco
Há três semanas, Israel vem ampliando sua ofensiva em torno da Cidade de Gaza, que abriga quase metade dos mais de 2 milhões de habitantes da Faixa. Na sexta-feira (29), os militares israelenses suspenderam as pausas temporárias que permitiam a entrada de ajuda humanitária, declarando a região como “zona de combate perigosa”.

Fontes israelenses afirmam que o gabinete de segurança do premiê Benjamin Netanyahu se reúne neste domingo para discutir os próximos estágios da operação, considerada estratégica para tomar o que o governo define como o “último bastião do Hamas”. Uma ofensiva em larga escala, porém, só deve começar nas próximas semanas.

Risco de deslocamento em massa
A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric, alertou que uma retirada forçada da população provocaria um deslocamento em massa sem precedentes, para o qual outras áreas da Faixa de Gaza não têm condições de absorver, devido à destruição causada pelos meses de bombardeios e à escassez de alimentos, água e medicamentos.

Moradores relatam que cidades do centro e do sul, como Deir Al-Balah e Mawasi, já estão superlotadas. “Outros, inclusive eu, não encontraram espaço”, disse Ghada, mãe de cinco filhos do bairro de Sabra.

Pressão interna em Israel
Enquanto Netanyahu discute o avanço militar, cresce em Israel a pressão popular pelo fim da guerra. Famílias de reféns ainda mantidos pelo Hamas realizaram protestos em frente às residências de ministros no domingo, após uma grande manifestação em Tel Aviv no sábado à noite.

Segundo as autoridades palestinas, mais de 63 mil pessoas já morreram desde o início da campanha militar de Israel, a maioria civis, mergulhando Gaza em uma crise humanitária sem precedentes.