O Brasil e a China firmaram, na última quinta-feira, 28 de agosto, um acordo de pré-listing que habilita os exportadores brasileiros de sorgo para o mercado chinês. A informação foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em suas redes sociais. "A China reconheceu o pré-listing. O Brasil vai indicar todas as cerealistas que tenham interesse em comercializar sorgo para a China", afirmou Fávaro, destacando a importância da parceria para ampliar as oportunidades de exportação.

O modelo de pré-listing dispensa a avaliação final das autoridades sanitárias chinesas, permitindo que a habilitação sanitária das indústrias seja realizada pela autoridade do país exportador, neste caso, o Brasil. De acordo com as novas regras, empresas cadastradas no sistema de inspeção sanitária do Ministério da Agricultura que cumprirem os requisitos chineses poderão vender sorgo diretamente para a China. "Na prática, o Ministério da Agricultura passa a ter autoridade para certificar e habilitar estabelecimentos previamente auditados, agilizando o processo e fortalecendo a confiança entre os países", explicou a pasta.

Abertura de Mercado e Expectativas de Comércio

A China abriu oficialmente seu mercado para a importação de sorgo brasileiro em novembro de 2023. Contudo, até o momento, o comércio não foi efetivado devido a processos posteriores à abertura, como auditorias realizadas pela Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), a autoridade sanitária do país asiático. Representantes da GACC realizaram uma inspeção na produção brasileira de sorgo, incluindo visitas a propriedades rurais, cooperativas e armazéns nos estados de Goiás e Minas Gerais para avaliar as práticas sanitárias e de sustentabilidade da produção.

Com a conclusão do processo de habilitação, o Brasil espera começar a exportar sorgo para a China ainda neste ano. A Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) projeta que as primeiras vendas comecem na safra atual, embora a expectativa seja de volumes iniciais pequenos. No entanto, a associação acredita que há um grande potencial de crescimento no comércio de sorgo brasileiro, dado que a China importa 7 milhões de toneladas do cereal anualmente, principalmente dos Estados Unidos.

Potencial de Mercado e Perspectivas

O apetite da China por sorgo pode ser intensificado devido à guerra tarifária com os Estados Unidos, o que pode abrir mais espaço para o sorgo brasileiro no mercado chinês. A China é responsável por 83% do comércio global de sorgo, com uma demanda anual de US$ 2 bilhões. A maior parte desse volume vem dos Estados Unidos, que fornecem cerca de 50% das importações chinesas do cereal.

O Brasil, atualmente o terceiro maior produtor mundial de sorgo, com cerca de 5 milhões de toneladas por safra, ainda tem uma participação pequena no mercado global, representando apenas 0,5% do total de sorgo comercializado no mundo. Atualmente, o país exporta pouco mais de 100 mil toneladas do cereal, mas espera-se que, com a abertura do mercado chinês, esse número cresça significativamente.