Injeção que previne contra HIV chega na rede privada do Brasil
A injeção a cada dois meses oferece alternativa mais eficaz à PrEP oral; medicamento já está disponível na rede privada
SAÚDEDisponível a partir desta semana no Brasil, o cabotegravir promete facilitar a prevenção do HIV com uma aplicação a cada dois meses, em substituição aos comprimidos diários da PrEP oral. Vendido sob o nome comercial Apretude, o medicamento começou a ser comercializado na rede privada na segunda-feira (25).
Segundo a fabricante, a dose custa em média R$ 4 mil, mas o valor pode variar conforme o local e o serviço de aplicação. O fármaco é distribuído pela Oncoprod, com possibilidade de entrega direta para pessoas físicas.
Indicado para pessoas a partir dos 12 anos e com pelo menos 35 kg, o cabotegravir é recomendado para quem tem risco de exposição ao HIV por via sexual e não vive com o vírus. A aplicação deve ser feita por um profissional de saúde e segue o seguinte esquema: duas injeções no primeiro mês e, depois, uma a cada dois meses.
Estudos indicam alta eficácia - Pesquisas apontam que a versão injetável pode evitar até 385 mil infecções por HIV no Brasil ao longo da próxima década. Isso representaria, segundo estudo publicado na revista Value in Health, uma economia de até R$ 14 bilhões em tratamentos futuros.
A adesão também tende a ser maior. Um estudo brasileiro com pessoas entre 18 e 29 anos mostrou que 83% preferiram a PrEP injetável. Outro levantamento, com adolescentes de 15 a 19 anos, revelou que muitos optaram pela injeção para evitar o uso diário de comprimidos.
De acordo com o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Unesp, o novo método pode ser especialmente útil em grupos com dificuldades para manter o uso contínuo da medicação oral. “O cabotegravir é mais eficaz, mais prático e melhora a cobertura de prevenção. É um avanço real”, afirmou.
Dois grandes estudos internacionais com mais de 7.700 participantes — incluindo homens que fazem sexo com homens, mulheres trans e mulheres cis — foram interrompidos antes do prazo previsto. Os resultados foram tão positivos que o Conselho Independente de Monitoramento de Dados considerou antiético continuar sem oferecer o novo medicamento ao grupo controle, que tomava a PrEP oral.
Próximo passo: chegada ao SUS - A fabricante GSK/ViiV Healthcare informou que já trabalha para incluir o cabotegravir no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o diretor médico da empresa, Rodrigo Zilli, a chegada do medicamento ao país representa uma virada de chave na prevenção da Aids. “Temos uma meta global de eliminar a epidemia de HIV até 2030. Inovações como essa são parte fundamental da estratégia”, disse.