Mato Grosso do Sul consolida a soja como principal vetor econômico do setor agrícola. A cultura representa atualmente 85% da arrecadação de ICMS do agronegócio estadual e movimentou R$ 45,8 bilhões em 2024, equivalente a 33% do Valor Bruto da Produção (VBP). A projeção do governo é de que, em julho de 2025, as exportações do grão registrem crescimento de 20% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O crescimento da área plantada contribui para esse desempenho. Entre as safras 2009/2010 e 2024/2025, a área cultivada passou de 1,77 milhão para 4,52 milhões de hectares — um aumento de 155%. Segundo levantamento da Aprosoja-MS, em parceria com o governo estadual, 56% dessa expansão ocorreu sobre áreas de pastagem degradadas, 33% em áreas agrícolas já utilizadas, 7% substituindo outras culturas e apenas 4% avançou sobre vegetação nativa.

O avanço da cultura está associado à adoção de tecnologias como plantio direto, manejo integrado de pragas e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. A produção na safra anterior foi estimada em 14,686 milhões de toneladas, com produtividade média de 54,4 sacas por hectare — um incremento de 11,4% na comparação com o ciclo 2023/2024. O período de colheita se estendeu por 19 semanas, duas a mais que na temporada anterior.

Safra 2025/2026 exigirá atenção ao clima - O plantio da safra 2025/2026 terá início em 16 de setembro e seguirá até 31 de dezembro, conforme o calendário oficial. De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), o período será marcado por temperaturas acima da média e distribuição irregular de chuvas, com volumes estimados entre 300 e 400 milímetros na maior parte do Estado — podendo chegar a 600 milímetros na região sul.

A irregularidade climática exige maior planejamento por parte dos produtores. O coordenador técnico da Aprosoja-MS, Gabriel Balta, alerta que o posicionamento estratégico no início do ciclo pode determinar o desempenho da lavoura. Ele recomenda o escalonamento do plantio e a escolha de cultivares adaptadas à fertilidade do solo e ao calendário de cada microrregião. “Um bom posicionamento inicial pode transformar completamente o cenário de desenvolvimento da lavoura”, afirma.

Além do risco de calor excessivo e perda de umidade do solo, o boletim climático aponta episódios pontuais de frio, com temperaturas mínimas entre 8°C e 10°C em determinadas regiões. A expectativa, no entanto, é de que o cenário climático não comprometa o avanço da cultura, que se consolida como principal geradora de receitas no campo sul-mato-grossense.

Exportações industriais e agropecuárias em alta - As exportações industriais do Estado também registram bom desempenho, com US$ 648,7 milhões em receitas acumuladas no ano. A soja continua liderando os embarques internacionais, com projeção de crescimento consistente até o segundo semestre de 2025, impulsionada pela demanda externa e pela ampliação da produtividade.

A dinâmica de expansão sobre áreas degradadas, aliada ao uso de tecnologias de manejo sustentável, tem sido destacada pelo setor produtivo como uma estratégia de equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ambiental. A soja, nesse contexto, reafirma sua posição como principal ativo do agronegócio de Mato Grosso do Sul.