Crise de hospedagem para a COP30 gera tensão e pode afetar a participação de países
A menos de três meses da conferência, apenas 47 delegações têm acomodação confirmada, levantando preocupações sobre a legitimidade do evento
NACIONALA crise de hospedagem para as delegações que participarão da COP30, marcada para novembro em Belém, no Pará, continua sendo o principal tema de discussão entre a organização do evento e o escritório do clima da ONU. A menos de três meses da conferência, a situação permanece sem solução definitiva, com apenas 47 delegações confirmadas para cerca de 200 países participantes.
O problema foi abordado em uma reunião tensa entre a Secretaria Extraordinária da COP e representantes das Nações Unidas na sexta-feira, 22. Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, a situação é inédita e preocupante. "Essa situação nunca aconteceu. Algumas delegações já estão dizendo que vão cortar seus enviados", afirmou Astrini em sua coluna semanal.
A China, maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, é uma das delegações afetadas. O país asiático informou que enviará apenas metade dos delegados originalmente planejados, o que pode prejudicar a relevância e a representatividade da conferência. Especialistas alertam que a redução na participação de países importantes pode comprometer a legitimidade das negociações e dos acordos que possam ser feitos durante o evento.
A crise de hospedagem é vista como um reflexo de falhas na gestão do governo federal, que, segundo Astrini, demorou a garantir a oferta de acomodações para os participantes. "O assunto dessa conferência de clima são as acomodações da COP30, as falhas constantes do governo brasileiro em conseguir garantir que as delegações dos países vão ter um quarto para dormir", lamenta o especialista. Ele também destaca que a mudança climática não pode esperar pelas soluções logísticas da conferência.
Em junho, na conferência de Bonn, na Alemanha, o governo brasileiro anunciou que haveria acomodações para todos os delegados, que seriam disponibilizadas por meio de uma plataforma oficial. No entanto, a falta de clareza nas informações e a demora no processo geraram um clima de desconfiança.
Na última sexta-feira, 22, o governo brasileiro negou um pedido da ONU para subsidiar as acomodações das delegações e solicitou que a entidade aumentasse o auxílio financeiro às nações participantes. Além disso, o governo anunciou a criação de uma força-tarefa que irá se dedicar exclusivamente à negociação de hospedagem para as delegações internacionais.