Geovani Bucci e Francisco Carlos de Assis | 25 de agosto de 2025 - 17h30

Campos Neto critica arcabouço fiscal e exalta desafios econômicos do Brasil

Ex-presidente do Banco Central aponta dificuldades para investidores entenderem novo modelo fiscal e critica o tamanho da máquina pública

ECONOMIA
'Precisamos repensar esse modelo', diz Campos Neto. - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupações sobre o novo arcabouço fiscal criado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o Seminário Brasil 2025, realizado em São Paulo. Em sua declaração, Campos Neto afirmou que o modelo fiscal ainda está gerando confusão entre investidores estrangeiros, que não conseguem entender claramente como ele impacta a trajetória da dívida pública nos próximos anos.

"Grandes investidores não estão olhando o que está dentro ou fora do arcabouço. O que eles querem saber é como será a evolução da dívida nos próximos anos", destacou. Segundo ele, a necessidade de um déficit nominal menor, a fim de equilibrar a dívida, exigirá uma taxa de juros entre 7% e 8% ao ano para ser sustentável.

Além da crítica ao arcabouço fiscal, Campos Neto também abordou a questão do tamanho da máquina pública, que, para ele, é excessiva em relação aos serviços prestados. O ex-presidente do BC afirmou que o governo federal é "maior do que deveria ser" e que os serviços oferecidos não são compatíveis com o tamanho da estrutura pública.

Ele também questionou a eficácia de um Estado grande como modelo de crescimento econômico, citando experiências passadas em que essa estratégia não trouxe os resultados esperados. "É preciso repensar esse modelo. Já tivemos essa experiência antes e não deu certo", afirmou, ressaltando a necessidade de um debate sério sobre o tema entre o governo, o Congresso e o Judiciário.

=Campos Neto também fez uma previsão cautelosa em relação à taxa de juros, apontando que ela pode não cair abaixo de 11% ou 12%, o que manteria o custo do crédito e os desafios econômicos no curto e médio prazos.