Lagarde alerta: "Banco central sem independência se torna disfuncional e instável"
Presidente do BCE diz que governos devem respeitar a autonomia das autoridades monetárias para evitar disrupções e instabilidade financeira
ECONOMIA INTERNACIONALA presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fez um alerta neste domingo (24) sobre os riscos da perda de independência dos bancos centrais, classificando essa autonomia como essencial para a estabilidade das economias.
Em entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da emissora americana Fox News, Lagarde afirmou que “um banco central sem independência se torna disfuncional” e reforçou que a autoridade monetária precisa estar livre de pressões políticas para cumprir seu papel. “A independência de qualquer banco central é extremamente importante. Temos que prestar contas, reportar e responder a todas as perguntas do Congresso dos Estados Unidos ou do Parlamento Europeu, no meu caso”, disse Lagarde, que comanda o BCE desde 2019.
A economista também recordou sua experiência à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI), entre 2011 e 2019, período em que testemunhou os impactos negativos da interferência política sobre decisões técnicas. “Eu vi o que acontece quando a independência de um banco central é ameaçada. Eles passam a fazer coisas que não deveriam. Isso traz disrupção e instabilidade, se não coisa pior.”
Contexto global
A declaração de Lagarde ocorre em meio a crescentes debates em países desenvolvidos e emergentes sobre o grau de autonomia dos bancos centrais, especialmente após episódios de pressão política por cortes de juros e estímulos monetários.
No caso da zona do euro, o BCE tem como principal mandato o controle da inflação, tarefa que exige decisões técnicas com base em dados econômicos — e não em interesses de curto prazo de governos.
A independência formal das autoridades monetárias é considerada um pilar da estabilidade macroeconômica, defendido por economistas, investidores e organismos internacionais. Sem essa autonomia, há risco de que a política monetária seja usada de forma populista, gerando inflação descontrolada, fuga de capitais e perda de credibilidade internacional.