Patrícia Queiroz | 24 de agosto de 2025 - 17h30

Lagarde alerta: "Banco central sem independência se torna disfuncional e instável"

Presidente do BCE diz que governos devem respeitar a autonomia das autoridades monetárias para evitar disrupções e instabilidade financeira

ECONOMIA INTERNACIONAL
Christine Lagarde durante coletiva no BCE: presidente da autoridade monetária europeia defende que bancos centrais precisam de autonomia para garantir estabilidade econômica - Foto: Daniel Roland/AFP

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fez um alerta neste domingo (24) sobre os riscos da perda de independência dos bancos centrais, classificando essa autonomia como essencial para a estabilidade das economias.

Em entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da emissora americana Fox News, Lagarde afirmou que “um banco central sem independência se torna disfuncional” e reforçou que a autoridade monetária precisa estar livre de pressões políticas para cumprir seu papel. “A independência de qualquer banco central é extremamente importante. Temos que prestar contas, reportar e responder a todas as perguntas do Congresso dos Estados Unidos ou do Parlamento Europeu, no meu caso”, disse Lagarde, que comanda o BCE desde 2019.

A economista também recordou sua experiência à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI), entre 2011 e 2019, período em que testemunhou os impactos negativos da interferência política sobre decisões técnicas. “Eu vi o que acontece quando a independência de um banco central é ameaçada. Eles passam a fazer coisas que não deveriam. Isso traz disrupção e instabilidade, se não coisa pior.”

Contexto global

A declaração de Lagarde ocorre em meio a crescentes debates em países desenvolvidos e emergentes sobre o grau de autonomia dos bancos centrais, especialmente após episódios de pressão política por cortes de juros e estímulos monetários.

No caso da zona do euro, o BCE tem como principal mandato o controle da inflação, tarefa que exige decisões técnicas com base em dados econômicos — e não em interesses de curto prazo de governos.

A independência formal das autoridades monetárias é considerada um pilar da estabilidade macroeconômica, defendido por economistas, investidores e organismos internacionais. Sem essa autonomia, há risco de que a política monetária seja usada de forma populista, gerando inflação descontrolada, fuga de capitais e perda de credibilidade internacional.