Morre Miguel Proença, renomado pianista e ex-presidente da Funarte, aos 86 anos
Reconhecido no Brasil e no exterior, artista deixou um legado na música clássica e na cultura brasileira, atuando também como gestor público e defensor da arte nacional
MÚSICAO pianista Miguel Proença, um dos maiores nomes da música clássica brasileira, faleceu na sexta-feira, 22, aos 86 anos. Natural do Rio Grande do Sul, Proença construiu uma carreira internacionalmente reconhecida, além de ter ocupado importantes cargos públicos, como presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e secretário de Cultura do Rio de Janeiro.
Com um repertório extenso, o músico foi um dos maiores divulgadores da música brasileira, registrando aproximadamente 30 gravações e destacando compositores nacionais. Seu talento se estendeu por décadas, não apenas como pianista, mas também como professor e gestor cultural. Proença era conhecido por sua atuação como camerista e solista, e seu trabalho era admirado tanto no Brasil quanto no exterior.
Carreira e legado musical
Miguel Proença nasceu em 1939 em Quaraí e seguiu sua trajetória estudando em renomadas instituições, como a Escola Superior de Música de Hannover, na Alemanha. Em sua carreira, foi professor na UERJ e na Universidade de Música de Karlsruhe, além de ter sido bolsista da Pró-Arte e da Deutscher Akademischer Austauschdienst. Ele também promoveu bolsas de estudo para estudantes brasileiros no exterior entre 1995 e 1998.
Proença se destacou no cenário internacional, realizando recitais na Europa e tocando com a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Nord Deutscher Rundfunk, na Alemanha. Ao longo da sua carreira, o pianista foi elogiado por sua técnica e virtuosidade, embora, segundo o crítico musical Caldeira Filho, seu talento tenha se amadurecido com o tempo.
Atuação política e cultural
Na década de 1980, Proença ganhou notoriedade ao ser nomeado secretário de Cultura do Rio de Janeiro, cargo que ocupou até 1988. Sua relação com a cultura brasileira sempre foi de incentivo ao acesso à arte e ao apoio aos compositores nacionais. Além disso, Proença foi diretor da Escola de Música Villa-Lobos e da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
Como presidente da Funarte, Proença implementou projetos de fomento à arte no Brasil e defendeu a cultura brasileira em suas diversas manifestações. Em 2019, assumiu a presidência da Funarte, mas ficou no cargo por um curto período, até ser exonerado em novembro do mesmo ano. Proença acreditava que sua defesa pública da atriz Fernanda Montenegro teria sido um dos motivos para sua saída, após um episódio de declarações ofensivas feitas por Roberto Alvim, então diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, sobre a atriz.
Miguel Proença e a "Guerra ao Tablet"
Uma das propostas de Proença à frente da Funarte foi criar o projeto “Cine Paradiso – Guerra ao Tablet”, com o objetivo de aproximar os jovens da arte e afastá-los do uso excessivo de dispositivos digitais. Essa ideia refletia seu compromisso com o acesso à cultura e a valorização da música e do cinema.
Miguel Proença deixa um legado imenso para a música brasileira e a cultura nacional, sendo lembrado como um grande divulgador da música clássica e um defensor da arte em sua plenitude. Seu falecimento é uma grande perda para o cenário cultural do Brasil.