O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas nesta sexta-feira, 22, a países desenvolvidos, acusando-os de interferir na política interna da América Latina. Durante um discurso na V Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Lula não citou diretamente os Estados Unidos ou a Venezuela, mas apontou que, sob o pretexto de combater o crime organizado, algumas nações estão violando a soberania latino-americana.

Lula também criticou o uso da luta contra o desmatamento como um disfarce para políticas protecionistas, especialmente por parte dos países ricos. "Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem", declarou o presidente, referindo-se à postura adotada pelas potências ocidentais em relação ao Brasil e à sua gestão ambiental.

As críticas de Lula surgem em um momento de relações tensas com os Estados Unidos, que recentemente aplicaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e impuseram sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e membros do governo, com alegações de perseguição a aliados de Donald Trump, como o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula destacou ainda que as acusações de desmatamento são frequentemente usadas como um argumento para prejudicar o Brasil economicamente, ressaltando que a nação já está comprometida com a preservação ambiental, apesar das críticas.

Além disso, o Brasil enfrenta desafios para fechar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, principalmente devido à pressão de países como a França, onde agricultores acusam o Brasil de não adotar práticas agrícolas sustentáveis.

O presidente brasileiro também aproveitou o discurso para reforçar seu compromisso com o multilateralismo, afirmando que a crise climática não pode ser resolvida de forma isolada. "Não existe saída individual para a crise climática. Não há outro meio de superá-la além do multilateralismo", disse Lula, apontando que, embora muitas negociações já tenham ocorrido, pouco foi concretizado até agora.