Paula Ferreira | 22 de agosto de 2025 - 12h45

Brasil nega subsídio da ONU e cria força-tarefa para resolver crise de hospedagem

Crise de hospedagem afeta COP30 e o governo brasileiro organiza apoio para delegações estrangeiras durante o evento.

FORÇA-TAREFA COP30
O governo brasileiro cria força-tarefa para apoiar delegações na negociação de hospedagem durante a COP30 e solicita à ONU aumento no subsídio financeiro para países participantes. - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O governo brasileiro anunciou a criação de uma força-tarefa para ajudar diretamente nas negociações de hospedagem para as delegações estrangeiras durante a COP30, que será realizada em Belém de 10 a 21 de novembro. A medida visa solucionar a crise de hospedagem, que tem gerado preocupação devido ao aumento exorbitante dos preços. Em alguns casos, as reservas para o evento chegaram a ultrapassar R$ 1 milhão.

Durante reunião com a equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira (22), o Brasil rejeitou um pedido da ONU para subsidiar as hospedagens dos países participantes. O governo brasileiro argumentou que não tem condições de oferecer esse apoio financeiro, mas sugeriu que a organização aumente a contribuição que oferece atualmente aos países, especialmente aos menos desenvolvidos e insulares.

Solicitação de aumento de subsídio

Míriam Belchior, secretária executiva da Casa Civil, destacou que a ONU já fixa em US$ 144 o valor do subsídio para os participantes da COP30 em Belém, um valor consideravelmente inferior aos US$ 400 oferecidos em eventos semelhantes, como a Conferência de Bonn, na Alemanha. "Em qualquer outra cidade do mundo, eles pagariam mais. Então, por que não pagam em Belém?", questionou Míriam, sugerindo que o valor do subsídio fosse elevado para US$ 250, um valor mais condizente com outras cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro.

O governo brasileiro pediu à ONU que reconsiderasse a proposta e colaborasse mais ativamente para encontrar soluções viáveis para a crise de hospedagem, especialmente para os países mais pobres, que têm sido os mais afetados pela situação. A medida também visa evitar que a organização continue apenas em sua "zona de conforto" e incentive mais ação concreta.

Força-tarefa para apoiar delegações

Como resposta à crise de hospedagem, o Brasil criou uma força-tarefa composta por membros dos Ministérios das Relações Exteriores, Turismo, Meio Ambiente e Mudança do Clima, além da Secretaria da COP30. O objetivo é apoiar as delegações estrangeiras nas negociações e encontrar alternativas para garantir a hospedagem adequada.

Valter Correia, secretário extraordinário da COP30, explicou que a força-tarefa entrará em contato diretamente com os países mais afetados, como os mais pobres, para buscar soluções locais com o conhecimento das autoridades estaduais. A ideia é envolver a comunidade local, incluindo proprietários de imóveis e condomínios, para ajudar a resolver a situação de forma mais eficiente.

Reafirmação da sede em Belém

Apesar dos desafios relacionados à hospedagem, o governo brasileiro reafirma que a COP30 será realizada em Belém, apesar das críticas de 29 países que assinaram uma carta solicitando a mudança da cidade sede. "Não há condição de mudança de cidade sede", afirmou Míriam Belchior, destacando que a COP30 acontecerá como planejado.