Família busca reverter deportação após brasileira ser barrada no Aeroporto de Lisboa
Mulher foi impedida de entrar em Portugal e deportada após 30 horas sob custódia; defesa alega regularização pendente.
BRASILEIRA DEPORTADA DE PORTUGALUma brasileira com residência em Portugal foi deportada de volta ao Brasil após ser barrada pela Polícia de Segurança Pública (PSP) no Aeroporto Internacional de Lisboa na última terça-feira, 19. Moradora de Cascais, cidade próxima à capital portuguesa, ela retornava de uma viagem ao Recife (PE) com a família, quando foi impedida de entrar no território português. A reportagem entrou em contato com a PSP e a Agência para Integração, Migrações e Asilo (Aima), mas ainda aguarda retorno das entidades.
A brasileira foi separada do marido e dos filhos pequenos, de 8 e 6 anos, e mantida sob custódia das autoridades portuguesas. Ela foi forçada a retornar ao Brasil no dia seguinte, 20 de agosto, depois de 30 horas de espera.
Motivo da deportação e defesa
Segundo a polícia portuguesa, a mulher foi barrada por não ter a documentação necessária para morar legalmente em Portugal e por ter ultrapassado os 180 dias de estadia permitidos. No entanto, a defesa dela nega a alegação de ilegalidade, argumentando que o processo de autorização de residência estava em andamento, mas não foi finalizado devido à desorganização no sistema de imigração português.
As advogadas da família, Tatiana Kazam e Rafaella Lobo, afirmam que a brasileira estava amparada por uma "intimação de Proteção de Direitos, Liberdades e Garantias", recurso judicial que deveria garantir que seus direitos fossem respeitados dentro do prazo. O marido da brasileira, Hugo Silvestre, também relatou dificuldades com o sistema de imigração e o atraso na emissão da documentação necessária para o "reagrupamento familiar".
Atrasos e dificuldades no processo de regularização
Hugo Silvestre, advogado e administrador de empresas, chegou a Portugal com visto de residência há cerca de dois anos e meio e tentou regularizar a situação de sua família, mas enfrentou atrasos na Aima, que não emitiu os documentos a tempo. Mesmo após uma decisão judicial que determinou a emissão do convite para regularização, a família continuou a enfrentar dificuldades.
A deportação e a atuação da nova polícia
O caso ocorre em meio ao endurecimento das regras para imigração em Portugal, com a recente criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (Unef), uma força de segurança responsável por fiscalizar as fronteiras e deter imigrantes ilegais. No entanto, a deportação da brasileira foi decidida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e não pela Unef, que ainda não estava em operação.
O marido de uma das vítimas relatou surpresa ao ser informado sobre a deportação, especialmente considerando que o processo de regularização estava em andamento e o aviso à Aima e à Justiça sobre a viagem ao Brasil havia sido feito de forma adequada.
Condições durante a custódia e recursos judiciais
Durante o período em que a brasileira esteve sob custódia, ela foi separada da família e não teve a presença do marido, apesar de ele ser advogado inscrito em Portugal. A defesa afirmou que todos os documentos que comprovavam o andamento do processo de residência foram apresentados, mas não foram aceitos pela PSP. As advogadas afirmam que houve violação de direitos, incluindo o desrespeito à Constituição Portuguesa, à União Europeia e à Carta de Direitos Humanos.
A brasileira foi colocada em um voo de volta ao Brasil, onde chegou após quase 30 horas em custódia. O marido relatou que a esposa está emocionalmente abalada e sem saber quando poderá ver os filhos novamente.
Busca por uma solução
As advogadas ajuizaram recursos administrativos e judiciais para reverter a deportação e estão buscando a autorização das autoridades portuguesas para o retorno da brasileira e o reencontro com sua família.