Agência Brasil | 21 de agosto de 2025 - 20h00

Consumo nos supermercados cresce 4% em julho e reflete melhora da renda e do emprego

Dados da Abras indicam que recuperação do mercado de trabalho impulsionou as compras nos lares; cesta básica teve leve queda nos preços

ECONOMIA
Consumo nos supermercados cresce 4% em julho e reflete melhora da renda e do emprego. - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O consumo nos lares brasileiros, medido pelo volume de compras nos supermercados, teve crescimento de 4% em julho deste ano em comparação ao mesmo mês de 2024, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado nesta quinta-feira (21). Na comparação com junho, o avanço foi de 2,4%. No acumulado de 2025, o índice registra alta de 2,6%.

Os números, já deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, refletem um cenário de recuperação econômica, com destaque para a melhora do mercado de trabalho e o aumento da renda das famílias.

Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, o desempenho de julho surpreende positivamente, considerando que o mês costuma ter retração no consumo devido ao período de férias escolares, quando muitas famílias costumam comer fora de casa. “Este ano, esse efeito foi menos intenso, tanto em relação a junho quanto ao mesmo período de 2024”, afirmou.

A Abras aponta que o aumento nas compras dos brasileiros está diretamente ligado à redução do desemprego e à recuperação da renda familiar. A taxa de desocupação no país caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor índice desde 2012. No mesmo período de 2024, o desemprego estava em 6,9%.

Esse contexto de melhora econômica também impactou o programa Bolsa Família. Em julho, cerca de 1 milhão de famílias deixaram de receber o benefício, o que, segundo a Abras, não provocou queda no consumo. O valor total pago em julho foi de R$ 13,16 bilhões para 19,6 milhões de beneficiários — um recuo em relação aos R$ 14,2 bilhões destinados a 20,83 milhões de famílias no mesmo mês do ano anterior.

Para Milan, isso mostra que muitas famílias já estão conseguindo se sustentar exclusivamente com a renda do trabalho. “O menor volume de recursos destinados ao programa de transferência de renda indica que as famílias que passaram a se sustentar apenas com a renda do trabalho mantiveram a autonomia financeira e ainda fortaleceram o seu poder de compra no varejo alimentar”, destacou.

Outro fator que colaborou para o desempenho do consumo foi a leve queda nos preços de itens essenciais. A cesta de 12 produtos monitorados pela Abras teve recuo de 0,44% em julho na comparação com junho, passando de R$ 353,42 para R$ 351,88, em média nacional.

Entre os produtos que registraram queda nos preços estão o arroz (–2,89%), o feijão (–2,29%), o café torrado e moído (–1,01%), o queijo muçarela (–0,91%), o macarrão (–0,59%) e a farinha de trigo (–0,37%).

Outros itens tiveram variações residuais negativas, como carne bovina (–0,06%), farinha de mandioca (–0,01%), margarina cremosa (–0,06%) e leite longa vida (–0,11%).

Os únicos produtos que apresentaram aumento foram o açúcar refinado (0,63%) e o óleo de soja (0,46%).

Com base nos dados atuais, a Abras mantém uma expectativa positiva para o segundo semestre, especialmente se o cenário de estabilidade de preços e melhora da renda continuar. A combinação de inflação sob controle, recuperação do emprego e confiança do consumidor pode fortalecer ainda mais o desempenho do varejo alimentar nos próximos meses.

Além disso, o recuo no número de beneficiários do Bolsa Família, sem que haja impacto negativo no consumo, sinaliza uma mudança relevante no perfil de consumo das famílias brasileiras. A entidade observa que esse comportamento pode indicar maior estabilidade financeira para uma parte significativa da população.