A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nesta quarta-feira, 20, por descumprimento das medidas cautelares impostas a Bolsonaro desde 18 de julho. Os dois foram indiciados pelos crimes de coação no curso do processo e abolição do Estado Democrático de Direito, em razão da tentativa de interferir no julgamento da ação penal do golpe de Estado, que está em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro havia sido proibido de usar redes sociais, incluindo por meio de terceiros. Contudo, em 3 de agosto, ele pediu a dois contatos que publicassem um vídeo em que aparecia saudando manifestantes na orla de Copacabana. O ex-presidente enviou o vídeo ao deputado federal Capitão Alden (PL-BA) e a Vanessa Lopes da Silva, conhecida como "Negona do Bolsonaro", que tem 43 anos e foi candidata a vereadora no Rio de Janeiro pelo PL.

O apelido "Negona do Bolsonaro" é uma marca pessoal de Vanessa, que, ao registrar sua candidatura, usou esse nome como nome de urna, um apelido que acabou sendo barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). O tribunal considerou que o apelido induzia à "palavra preconceituosa", além de tentar aproveitar a suposta força política de Bolsonaro, embora Vanessa não tenha laços de parentesco com o ex-presidente. Em entrevista ao Gazeta do Povo, Vanessa classificou a decisão como "absurda e injusta", e concorreu com o nome de urna "Vanessa Lopes da Silva", obtendo 10.416 votos, mas não foi eleita. Ela atualmente ocupa o cargo de terceira suplente da bancada do PL na Câmara Municipal do Rio.

O vídeo compartilhado por Bolsonaro com Vanessa foi o mesmo publicado horas depois pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Flávio apagou o conteúdo de seus perfis pouco depois. No contexto do descumprimento das medidas cautelares de Bolsonaro, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, citou o vídeo como uma prova de que o ex-presidente violou as restrições impostas, resultando na prisão domiciliar de Bolsonaro em 4 de agosto.

Além disso, Vanessa Lopes se envolveu em um episódio de fake news durante as Olimpíadas de 2024, quando uma foto de Jair Bolsonaro ao lado dela foi erroneamente divulgada como se ela fosse a judoca Bia Souza, medalhista de ouro, gerando confusão nas redes sociais.

Com o indiciamento, as investigações continuam em andamento e os desdobramentos legais podem trazer mais repercussões para os envolvidos.