Putin exige condições rígidas para paz com a Ucrânia, mas sinaliza abertura a compromissos
Em conversa com Donald Trump, o presidente russo pediu a retirada da Ucrânia do Donbass e a renúncia à adesão à Otan, enquanto propõe cessar-fogo e troca de territórios
MUNDOO presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou novas exigências para um possível acordo de paz com a Ucrânia, incluindo a entrega total da região do Donbass, a renúncia da Ucrânia às suas ambições de adesão à Otan e a promessa de neutralidade europeia, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters nesta quinta-feira, 21. As informações surgiram após um encontro entre Putin e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado no dia 15 de agosto, durante uma cúpula no Alasca. Até então, os detalhes da conversa entre os dois líderes eram desconhecidos.
De acordo com a Reuters, as exigências de Moscou em relação ao território são mais modestas em comparação ao ano passado, quando Putin queria anexar ainda mais regiões da Ucrânia, como Kherson e Zaporizhzhia, além de Donetsk e Luhansk, partes do Donbass, áreas que hoje estão sob controle russo, especialmente Luhansk. Na nova proposta, a Rússia exigiria a retirada total das tropas ucranianas do Donbass e, em troca, interromperia as frentes de combate em Zaporizhzhia e Kherson. Além disso, algumas pequenas áreas nas regiões de Kharkiv, Sumi e Dnipropetrovsk poderiam ser negociadas, de acordo com as fontes.
Putin também mantém a demanda de que a Ucrânia abandone suas aspirações de adesão à Otan e que a aliança militar ocidental prometa não expandir para o leste, além de limitar o tamanho do Exército ucraniano e garantir que nenhuma força de paz do Ocidente seja enviada para o país.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, também reforçou a ideia de que Moscou precisa estar envolvida em qualquer discussão sobre garantias de segurança para a Ucrânia, afirmando que negociar sem a presença da Rússia seria "uma utopia". O governo ucraniano, por sua vez, rejeita firmemente essa proposta.
Essas exigências evidenciam as profundas divergências entre os objetivos de Moscou e Kiev, dificultando ainda mais a possibilidade de um acordo de paz, mesmo três anos após o início da guerra. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tem se mostrado inflexível em relação à ideia de retirar as tropas ucranianas do Donbass, classificando a região como uma linha de defesa crucial contra os avanços russos. "Não podemos simplesmente nos retirar do leste. É uma questão de sobrevivência do nosso país", afirmou Zelenski em entrevista.
Além disso, a adesão à Otan é uma prioridade estratégica para a Ucrânia, sendo uma garantia de segurança que está consagrada na constituição do país. Zelenski insistiu que a Rússia não tem o direito de decidir sobre a adesão da Ucrânia à aliança.
Apesar dessas divergências, as fontes consultadas pela Reuters indicaram que a cúpula no Alasca pode ter aberto uma janela para a paz, dado que Putin teria demonstrado disposição para compromissos. "Putin está pronto para a paz - para o compromisso", afirmou uma das fontes, destacando que a conversa com Trump foi vista como uma oportunidade para resolver o impasse.
A cúpula, no entanto, não deixou claro se os Estados Unidos aceitariam reconhecer os territórios que Moscou anexou durante o conflito. Trump, por sua vez, não demonstrou resistência à ideia de trocas territoriais como uma forma de garantir a paz, conforme já havia sugerido em outras ocasiões.