Na corrida pelo carro zero, cada centavo pesa — e cada imposto, mais ainda. Na última quarta-feira (20), o governador do Paraná, Ratinho Júnior, anunciou: a alíquota do IPVA no estado vizinho do Mato Grosso do Sul +será reduzida de 3,5% para 1,9% a partir de 2026. A nova taxa, segundo ele, será a mais baixa do país e deve beneficiar cerca de 3,4 milhões de motoristas.

Mas há um detalhe importante: a mudança só começa a valer no ano que vem. Quem comprar um carro ainda em 2025, por exemplo, paga a alíquota cheia. Ou seja, a economia anunciada ainda está no papel.

Ratinho Junior anunciou que o Paraná terá a menor alíquota de IPVA do Brasil em 2026, caindo de 3,5% para 1,9%.
Foto: Jonathan Campos/AEN

Enquanto o Paraná faz planos, Mato Grosso do Sul age no presente. Sem alarde, o estado mantém em vigor até dezembro de 2025 o decreto que garante IPVA zero no primeiro ano para veículos novos. A regra vale para carros adquiridos e registrados no estado — e recentemente foi ampliada para incluir veículos comprados em concessionárias de outros estados, desde que essas empresas estejam investindo no MS e atendam a requisitos específicos. A medida é temporária e restrita a marcas que estejam em processo de instalação de lojas no estado.

Vamos a um exemplo prático. Um carro de R$100 mil comprado ainda este ano:

Comparativo 1: carro comprado em 2025

Em 3 anos, quem compra carro de R$100 mil em 2025 paga R$7,3 mil de IPVA no Paraná e R$6 mil em MS — economia de R$1,3 mil.

Comparativo 2: carro comprado em 2026

Em 2026, a diferença no IPVA em 3 anos para carro de R$100 mil é pequena: R$5,7 mil no PR e R$6 mil em MS. Com a isenção no 1º ano, o Mato Grosso do Sul continua competitivo.

Mesmo com a nova taxa, a diferença a favor do Paraná é de apenas R$300. A vantagem só aparece no terceiro ano, e apenas se o veículo continuar com o mesmo dono até lá. Para quem troca de carro em ciclos mais curtos, o IPVA zero oferecido por MS ainda representa maior economia.

IPVA como estratégia econômica - Do ponto de vista fiscal, a isenção no primeiro ano tem efeito indutor: estimula o registro de veículos em MS e impulsiona o mercado local. Segundo dados do setor, concessionárias no estado chegaram a registrar aumento de até 40% nas vendas em períodos de pico, especialmente em dezembro, quando o benefício se torna mais atrativo.

Apesar de abrir mão do IPVA no primeiro ano, o estado garante a arrecadação do ICMS da venda, que é mais significativa — além de manter os emplacamentos dentro do território sul-mato-grossense.

E a alíquota do IPVA em MS? A alíquota do IPVA em Mato Grosso do Sul é de 3%, o mesmo valor adotado por outros nove estados. Diferente do Paraná — que está reduzindo o IPVA mas elevou sua alíquota de ICMS para 19,5% —, MS manteve o ICMS em 17%, a menor do país, o que ajuda a segurar o preço de outros produtos.

Além disso, o estado adota políticas complementares para aliviar o peso do IPVA sobre o contribuinte:

• 15% de desconto para pagamento à vista (um dos maiores do país)

• Isenção ou redução de 40% a 100% para categorias específicas: pessoas com deficiência (PCD), taxistas, frotistas, veículos a GNV, entre outros casos previstos em lei

Tempo também é dinheiro - No fim das contas, a comparação mostra que um benefício imediato pode ser mais vantajoso que uma promessa futura. O IPVA zero no primeiro ano, já praticado em Mato Grosso do Sul, segue sendo uma política eficaz para atrair emplacamentos e manter a economia girando — especialmente entre quem costuma trocar de carro com frequência.

O recado é claro: nem sempre a menor alíquota significa o menor custo total. No mundo dos tributos, o que vale mais é o timing da política fiscal. E, neste momento, o Mato Grosso do Sul sai na frente.