Weslley Galzo | 20 de agosto de 2025 - 20h00

Polícia Federal indicia Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por crimes ligados à tentativa de golpe

Ex-presidente e deputado federal são acusados de coação no curso do processo e de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no caso do golpe, com envolvimento de outros aliados

NACIONAL
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o seu filho 02, Eduardo Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal. - (Foto: Jair Bolsonaro via YouTube)

Nesta quarta-feira, 20, a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e abolição do Estado Democrático de Direito, após tentativas de interferir no julgamento da ação penal relacionada ao golpe em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

O indiciamento foi formalizado por meio de um relatório de 170 páginas, enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, detalhando as ações criminosas de Bolsonaro e seu filho. A PF também pediu medidas contra o pastor Silas Malafaia, incluindo busca e apreensão e retenção de passaporte.

O relatório aponta que tanto Bolsonaro quanto Eduardo agiram com o objetivo de interferir no andamento da Ação Penal n. 2668 no STF, sendo este último formalmente réu no processo. Os investigadores destacaram que os dois atuaram de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros, particularmente no contexto da aplicação de sanções pelo governo Donald Trump ao Brasil, incluindo a utilização da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.

Além disso, a PF identificou que Bolsonaro e seu filho utilizaram as contas bancárias de suas esposas para ocultar transferências financeiras ilícitas. Foi apurado que Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para a conta de sua esposa, Michelle, e, no dia seguinte, os valores foram repassados para a conta de Heloísa Bolsonaro, esposa de Eduardo.

As investigações também revelaram compras de dólares feitas por Bolsonaro entre janeiro e julho de 2024, que foram rastreadas a partir da quebra de sigilo bancário de Bolsonaro e Eduardo. A PF também flagrou a violação de medidas cautelares, com a identificação de uma mensagem de texto enviada por Walter Braga Netto a Bolsonaro em fevereiro de 2024, um dia após o STF determinar a proibição de contato entre os investigados no inquérito sobre a tentativa de golpe.

A situação envolvendo a família Bolsonaro segue se complicando com os desdobramentos da investigação.