Ibovespa volta a flutuar após perda de fôlego; setor bancário preocupa com tensão Brasil-EUA
Índice da B3 encerra a quarta-feira em leve alta após forte queda no dia anterior, com foco nas relações diplomáticas e econômicas entre Brasil e EUA e incertezas no setor financeiro
IBOVESPAO Ibovespa iniciou a quarta-feira (20) com uma leve recuperação, após a queda de 2,10% registrada no dia anterior, sua maior correção desde abril. Durante o dia, o índice se aproximou novamente dos 135 mil pontos, refletindo uma recuperação modesta no setor bancário. A queda da véspera foi impulsionada pelos temores em relação às relações diplomáticas entre Brasil e EUA, especialmente após a decisão do ministro Flávio Dino sobre a aplicabilidade de leis estrangeiras no país, como a Lei Magnitsky.
Durante a sessão, o índice da B3 oscilou entre a mínima de 134.121,67 e a máxima de 134.963,84 pontos, terminando com uma leve alta de 0,17%, aos 134.666,46 pontos. O volume de negociações também foi mais fraco, totalizando R$ 16,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula queda de 1,23%, limitando o ganho do mês a 1,20% e mantendo uma alta de 11,96% no ano.
Segundo Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, o cenário macroeconômico ainda domina os preços dos ativos brasileiros, com incertezas sobre como os bancos locais irão reagir às implicações jurídicas da decisão de Dino. "Se os EUA impuserem sanções aos bancos brasileiros, isso poderia ter um impacto significativo nas operações internacionais dessas instituições", alertou Moreira.
Apesar da recuperação no setor bancário, as ações de grandes bancos, como Banco do Brasil e Itaú, apresentaram alta modesta. Santander liderou o setor, subindo 2,08%, enquanto Banco do Brasil teve um ganho de apenas 0,30%, e Itaú ficou praticamente estável, com aumento de 0,06%. O BTG Pactual, por outro lado, caiu 1,10%.
No lado positivo do Ibovespa, Pão de Açúcar (+8,62%) e Ultrapar (+4,35%) se destacaram, enquanto Marfrig (-3,16%) e Rumo (-3,11%) foram as maiores perdas do dia.
Em relação às commodities, Vale ON recuou 0,45%, mas Petrobras teve bom desempenho, com alta de 0,83% na ação ON e 0,60% na PN, acompanhando a valorização do petróleo nos mercados internacionais.
O economista Roberto Simioni, da Blue3 Investimentos, destaca que o Brasil se tornou o primeiro país a enfrentar, simultaneamente, os efeitos de duas medidas legais dos EUA: tarifas elevadas em mais de 400 produtos e a aplicação da Lei Magnitsky. Simioni aponta que, embora a decisão de Flávio Dino reforce a soberania nacional, ela pode aumentar a desconfiança de investidores estrangeiros e elevar os riscos para bancos com operações internacionais.