Dow Jones Newswires* | 20 de agosto de 2025 - 14h15

China e Índia defendem cooperação em meio a tensões comerciais com os EUA

Em visita a Nova Délhi, chanceler chinês Wang Yi e ministro indiano Jaishankar pregam parceria após período de relações difíceis

DIPLOMACIA
Ministros Wang Yi (China) e Subrahmanyam Jaishankar (Índia) defendem parceria diante de pressões comerciais globais. - Foto: Divulgação / Global Times

Em visita à Índia nesta semana, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, defendeu que os dois países asiáticos aprofundem a cooperação diante das pressões internacionais sobre o livre comércio. A declaração foi interpretada como uma referência indireta à guerra tarifária promovida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem atingindo tanto Pequim quanto Nova Délhi.

Em reunião realizada na segunda-feira (19) com seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, em Nova Délhi, Wang afirmou que Índia e China deveriam se ver como parceiras e não como ameaças. Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China, o chanceler defendeu que os países busquem oportunidades de cooperação para enfrentar o que chamou de “bullying unilateral” no cenário global.

Relações marcadas por rivalidade

As duas nações, que compartilham uma das maiores fronteiras terrestres do mundo, atravessaram nos últimos anos um período de tensão, especialmente após confrontos militares no Himalaia em 2020. O encontro desta semana foi descrito como uma tentativa de reconstruir canais diplomáticos e de reduzir a desconfiança mútua.

“Diferenças não devem se tornar disputas, nem conflitos competitivos”, disse o ministro indiano Jaishankar em seu discurso de abertura, sinalizando disposição para reaproximação.

Contexto internacional

Tanto China quanto Índia vêm enfrentando críticas e pressões econômicas por parte dos EUA. Pequim é alvo da prolongada guerra comercial com Washington, enquanto Nova Délhi tem sido cobrada nas últimas semanas por suas compras de petróleo russo em larga escala, prática que os EUA consideram uma forma de enfraquecer sanções contra Moscou.

Nesse contexto, especialistas avaliam que a busca por cooperação entre os dois gigantes asiáticos pode ganhar força como resposta ao ambiente internacional de disputas comerciais e geopolíticas.