Cade aprova criação de terminal de GLP no Porto de Pecém por Ultragaz e Supergasbras
Projeto de R$ 1,1 bilhão terá capacidade para 61,9 mil toneladas e deve estar concluído até 2028; acesso ao terminal deverá ser aberto a concorrentes
ECONOMIAO Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (20), sem restrições, a joint venture entre a Companhia Ultragaz S.A. e a Supergasbras Energia Ltda. para construção e operação de um novo terminal de GLP (gás liquefeito de petróleo) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. O investimento estimado é de R$ 1,1 bilhão, com conclusão prevista para 2028.
A operação, que prevê a criação de uma sociedade de propósito específico (SPE) com participação de 50% para cada empresa, permitirá a instalação da primeira estrutura portuária dedicada à movimentação e armazenagem de GLP em Pecém. O terminal terá capacidade de 61,9 mil toneladas ou 123,8 mil m³.
Debate sobre riscos concorrenciais
O Grupo Edson Queiroz, terceiro interessado no processo, havia alegado risco de fechamento de mercado com a desativação do atual porto de Mucuripe, já que Pecém se tornaria a única opção na região.
O relator do caso, presidente Gustavo Augusto, reconheceu a preocupação, mas votou pela aprovação sem restrições. “Entendo ser o caso de aprovação sem restrições da operação”, afirmou. Ele destacou, contudo, que a autorização está condicionada ao cumprimento de premissas de acesso a terceiros e tratamento não discriminatório.
Segundo Augusto, as empresas deverão:
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garantir acesso ao terminal a concorrentes mediante regras claras e objetivas;
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adotar tratamento isonômico a todas as companhias que pretendam contratar serviços de movimentação e armazenagem;
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justificar eventual negativa de acesso com base em critérios técnicos.
O relator frisou que a aprovação poderá ser revista caso os compromissos não sejam observados. O voto foi acompanhado por unanimidade pelos demais conselheiros.
Próximos passos e impacto para o mercado
A Ultragaz e a Supergasbras argumentam que o terminal terá caráter pró-competitivo, ampliando a infraestrutura de importação de GLP no Nordeste. Atualmente, a maior parte do gás distribuído na região é importada pela Petrobras, via Porto de Suape (PE).
O novo terminal, segundo as empresas, não terá reserva de capacidade para os acionistas. “Toda a capacidade instalada estará disponível para contratação pelo mercado”, afirmam em nota.
A expectativa é de que a estrutura melhore a logística de abastecimento, reduza a dependência de Suape e fortaleça a competitividade no setor de GLP.