Naomi Matsui | 20 de agosto de 2025 - 12h45

Oposição toma controle da CPMI do INSS e impõe derrota ao governo no Senado

Senador Carlos Viana é eleito presidente e escolhe relator ligado a Bolsonaro, em revés para o Planalto e líderes do Congresso

CONGRESSO
Senador Carlos Viana (Podemos-MG) é eleito presidente da CPMI do INSS, em derrota para o governo e líderes do Congresso. - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A oposição conquistou nesta quarta-feira (20) o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões do INSS. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), crítico do governo federal, foi eleito presidente do colegiado com 17 votos contra 14 do senador Omar Aziz (PSD-AM), nome apoiado pelo Planalto e indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A disputa revelou fissuras entre governo e Congresso e resultou na primeira derrota para o Planalto no âmbito da comissão, que deve ganhar repercussão política durante os trabalhos.

Divergência no processo de votação

Após a derrota, Omar Aziz atribuiu o resultado ao encerramento antecipado da votação pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), que presidia a sessão. Segundo ele, alguns parlamentares ainda não haviam registrado seus votos. Tereza, no entanto, rebateu: “Respeitei o regimento, a maioria já havia votado.”

Em tom conciliador, Aziz destacou a legitimidade da disputa: “Que ele possa conduzir o trabalho com isenção que é peculiar de todos nós. É uma disputa democrática, quem ganha é quem tem mais voto, assim como Lula ganhou do Bolsonaro, porque teve mais voto.”

Relatoria amplia desgaste do Planalto

Logo após assumir a presidência, Carlos Viana nomeou o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator da CPMI. A escolha surpreendeu, já que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia indicado o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a função.

Gaspar é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e já relatou o pedido de suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), quando recomendou a paralisação do processo. Ele também assinou requerimento para acelerar a votação do projeto de anistia aos presos dos atos de 8 de Janeiro.

Comissão em cenário político delicado

A CPMI do INSS terá papel central nos próximos meses, tanto pela relevância social do tema — fraudes contra aposentados e pensionistas — quanto pela exploração política em ano de articulações no Congresso. Para o governo, a derrota na formação da mesa diretora fragiliza sua base em um colegiado estratégico, abrindo espaço para uma narrativa oposicionista durante as investigações.