Lula liga para Macron e busca apoio contra tarifas dos EUA
Em conversa de quase uma hora, líderes discutiram reação ao tarifaço de Trump, OMC e avanço de acordos comerciais, incluindo Mercosul-União Europeia
TARIFAÇOO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou na manhã desta quarta-feira (20) ao presidente francês Emmanuel Macron para discutir o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), a conversa durou cerca de uma hora e tratou tanto da reação diplomática brasileira ao chamado “tarifaço” quanto da ampliação de acordos comerciais internacionais.
Lula reafirmou a Macron que repudia o uso político de barreiras comerciais contra o Brasil e detalhou as medidas que seu governo vem adotando para proteger empresas e trabalhadores afetados pelas tarifas decretadas pelo presidente norte-americano Donald Trump. Ele também informou que o Brasil já recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão dos Estados Unidos, que chamou de “injustificadas tarifas”.
Durante a ligação, Lula destacou a conclusão do acordo entre o Mercosul e a EFTA (bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) e citou como prioridade as negociações com Japão, Vietnã e Indonésia.
Um dos pontos centrais do diálogo foi o avanço nas tratativas do Acordo Mercosul-União Europeia. Os dois presidentes se comprometeram a intensificar o diálogo para tentar assinar o pacto ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco sul-americano.
Segundo nota da Secom, Lula e Macron reafirmaram a intenção de fortalecer a cooperação entre países desenvolvidos e o Sul Global, em favor de um comércio baseado em regras multilaterais. O presidente brasileiro relatou ainda que pretende colocar a defesa do multilateralismo como tema central na Cúpula Virtual do Brics, marcada para setembro.
A ligação faz parte de uma série de movimentações de Lula para reforçar a imagem de que o Brasil não está isolado no cenário global, mesmo após o duro golpe comercial sofrido com a decisão dos EUA. Ao aproximar-se de aliados estratégicos como a França, o governo brasileiro busca mostrar articulação diplomática e respaldo internacional diante das medidas unilaterais de Washington.