Carlos Guilherme | 20 de agosto de 2025 - 10h20

Com base em danos, Paranhos pode adotar medidas emergenciais para acelerar recuperação

Árvores foram arrancadas com a força dos ventos e várias estradas ficaram temporariamente bloqueadas, dificultando o acesso às comunidades mais isoladas

TEMPORAL
Ventos chegaram a 82 km/h, derrubaram árvores, bloquearam estradas e destelharam casas em comunidades indígenas - (Foto: Reprodução)

O forte temporal que atingiu a área rural do município de Paranhos, a 460 km de Campo Grande, no final da tarde de ontem (19), causou diversos prejuízos materiais, principalmente em aldeias indígenas, sítios e fazendas. 

A área urbana da cidade não foi afetada. Árvores foram arrancadas com a força dos ventos e várias estradas ficaram temporariamente bloqueadas, dificultando o acesso às comunidades mais isoladas.



Apesar da intensidade do fenômeno, não há registro de feridos. Os danos, no entanto, exigiram rápida mobilização das autoridades locais, especialmente da Prefeitura, que desde a noite de ontem atua no atendimento às famílias atingidas e na liberação das vias interrompidas.

Conforme informações repassadas pela prefeitura de Paranhos, logo após a passagem do temporal, equipes da administração municipal iniciaram um trabalho conjunto para desbloquear estradas e garantir o socorro emergencial às populações impactadas. Em algumas regiões, os acessos ficaram completamente interrompidos por causa da queda de árvores e galhos de grande porte.


O temporal causou diversos prejuízos materiais, principalmente em aldeias indígenas, sítios e fazendas

A média de chuva em Paranhos e região variou entre 5,0 mm e 31,8 mm, com os ventos mais fortes registrados em Laguna Carapã (82,2 km/h), Aral Moreira (72,4 km/h) e Iguatemi (68,1 km/h). Em Paranhos, os ventos oscilaram na faixa de 52,2 km/h a 82,2 km/h.

Cidades próximas como Amambai, Sete Quedas, Mundo Novo e Ponta Porã também registraram rajadas superiores a 60 km/h. Em Mundo Novo, por exemplo, a precipitação pluviométrica chegou a 31,8 mm, enquanto em áreas como Dourados e Campo Grande, as chuvas foram mais leves e ocorreram apenas ontem.



Entenda o que provocou o fenômeno - Ao A Crítica, o meteorologista Natálio Abraão, explicou que o fenômeno foi resultado de uma conjunção climática atípica que envolveu uma frente fria e um período prolongado de estiagem.

"Estamos com uma frente fria passando pelo litoral do País. E, por outro lado, estamos com a estiagem em mais de 20 dias, umidade bem abaixo de 15%, e isso está dificultando o avanço das frentes frias em nossa região", detalhou Abraão.

Ele acrescenta que o solo muito aquecido e seco acabou contribuindo para um choque térmico intenso no momento em que a frente fria chegou ao sul do estado. "No avanço da frente fria, aconteceu o choque térmico. Ele gera muita variação na velocidade do vento. Teve cidades com ventos de até 80 km por hora. Na região de Paranhos e Aral Moreira, a força do vento causou alguns danos. Isso é decorrente da passagem da frente fria no país", explicou.

 


Torres de telecomunicação localizadas no centro de Paranhos permanecem intactas após o vendaval de 19 de agosto. Imagem reforça que o perímetro urbano não sofreu danos estruturais com o temporal. - (Foto: A Crítica)

A boa notícia, segundo o especialista, é que o pior já passou: "Hoje não tem mais essas consequências. Deve chover de leve, mas nada como ontem. A tendência é que amanhã a frente fria já esteja fora do estado. Não haverá frio, e a preocupação maior era mesmo com as rajadas de vento que ocorreram ontem à tarde."


Fachada da Prefeitura Municipal de Paranhos na manhã desta quarta-feira (20). 

Defesa Civil estadual monitora e aguarda possível solicitação de emergência - O diretor-geral da Defesa Civil do Estado, coronel Hugo Djan Leite, também comentou sobre os protocolos em situações como essa. De acordo com ele, a atuação da Defesa Civil estadual depende de solicitação formal por parte do município.

"A Defesa Civil do Estado só é solicitada quando o município solicita esse apoio. A princípio, quando não é, cada cidade tem sua autonomia e tem a Defesa Civil municipal", explicou o coronel a reportagem.

Segundo ele, é responsabilidade da administração local criar um grupo de trabalho com secretários municipais para realizar o levantamento dos danos e das famílias afetadas. Esse levantamento é essencial para que o município possa decretar situação de emergência.


Vários trechos foram bloqueados por conta das árvores que caíram na região 

"O município é autônomo, ele não depende do Estado para fazer a decretação de situação de emergência. O município decreta um decreto municipal e envia para o Estado para fazer a homologação e o reconhecimento. A Defesa do Estado manda a equipe ao local, e se houver necessidade, é feita a homologação", reforçou.

As aldeias indígenas localizadas no entorno rural de Paranhos foram algumas das regiões mais afetadas pelo temporal. De acordo com relatos locais, casas foram destelhadas e plantações foram danificadas pelos ventos fortes. A prefeitura informou que parte dessas comunidades foi levada para abrigos improvisados ainda na noite de ontem, com apoio de assistentes sociais e voluntários.

Embora o município ainda não tenha divulgado números consolidados, a prefeitura está em campo realizando visitas às comunidades afetadas, em especial as aldeias indígenas, que estão entre as mais impactadas. Em algumas delas, casas foram destelhadas e plantações danificadas. Parte dos moradores foi levada para abrigos improvisados com apoio da assistência social e voluntários.

O mapeamento que está sendo feito poderá, caso a gestão municipal opte por um decreto de emergência, viabilizar ações com maior agilidade - dentro dos mecanismos legais previstos para momentos de exceção.