Caroline Aragaki | 20 de agosto de 2025 - 10h00

Mais da metade dos trabalhadores não consegue manter salário até o fim do mês, aponta pesquisa

Levantamento revela que 54% dos brasileiros com CLT ou PJ recorrem a renda extra, crédito ou ajuda familiar para fechar as contas

ECONOMIA
Délber Lage, CEO da SalaryFits, diz que as camadas de menor renda não têm alternativas de linha de crédito sustentáveis - (Foto: Serasa Experian/ Divulgação)

A maioria dos trabalhadores brasileiros ainda enfrenta dificuldades para manter o salário até o fim do mês. Segundo a pesquisa Saúde Financeira e Bem-Estar do Trabalhador Brasileiro 2025, realizada pela SalaryFits, empresa da Serasa Experian, 54% dos profissionais com carteira assinada (CLT) ou Pessoa Jurídica (PJ) não conseguem equilibrar o orçamento mensal apenas com a renda principal.

Apesar do índice elevado, os dados mostram uma melhora em relação a 2024, quando 62% dos trabalhadores afirmavam não conseguir manter o salário até o fim do mês. Em um ano, o percentual de quem consegue durar o mês com a remuneração subiu de 38% para 46%.

Entre os que não conseguem fechar as contas com o salário, 49% buscam fontes de renda extra. Os meios mais comuns incluem linhas de crédito como cartão de crédito, cheque especial, empréstimos, ou ainda apoio da renda familiar. Há também os que optam por freelas ou trabalhos adicionais.

Outro dado alarmante: apenas 2 em cada 10 entrevistados dizem ter total controle sobre a vida financeira. Esse grupo é menor entre os mais jovens (Geração Z), trabalhadores PJ, Classe C e funcionários de empresas de menor porte.

E uma em cada quatro pessoas não teria como pagar uma despesa inesperada de R$ 10 mil, evidenciando a falta de reserva de emergência e o risco elevado de endividamento.

O levantamento indica que a maior parte da renda dos trabalhadores é destinada a despesas essenciais, como alimentação, contas básicas (água, energia e gás), financiamentos e empréstimos. Depois, vêm os gastos com consumo pessoal e estudos.

A pesquisa também revela que 5% dos entrevistados estão no limite, sem conseguir cobrir os gastos e sem ter alternativas como renda extra ou crédito. “Para essas pessoas, a inadimplência é um risco real. Buscar empréstimos com juros mais baixos, como o consignado, ou renegociar dívidas, pode ser o caminho”, explica Délber Lage, CEO da SalaryFits.

Nos últimos cinco anos, 66% dos trabalhadores enfrentaram dificuldades financeiras. Em 2025, 17% afirmaram estar atualmente em crise, enquanto 33% ficaram negativados nos últimos 12 meses.

O estudo foi feito com 1.029 entrevistados, entre maio e junho de 2025. A amostra contemplou trabalhadores CLT e PJ, homens e mulheres em igual proporção, de todas as regiões do Brasil, com idades entre 22 e 60 anos (média de 41 anos).