Flamengo atualiza estatuto e define punições para atos de racismo no clube
Mudança aprovada por unanimidade prevê suspensão, expulsão e até demissão para envolvidos em condutas discriminatórias
COMBATE AO RACISMOO Flamengo deu um passo formal no combate ao racismo dentro e fora de campo. O Conselho Deliberativo do clube aprovou na noite desta terça-feira (19) mudanças no Estatuto Social da instituição, inserindo de forma expressa o enfrentamento ao racismo como um dos princípios fundamentais da gestão. A nova redação determina punições específicas para sócios, dirigentes, atletas, funcionários e prestadores de serviço que forem flagrados em práticas discriminatórias.
A proposta foi aprovada por aclamação, com apoio unânime dos 246 conselheiros presentes e dos 624 conectados remotamente, consolidando um consenso em torno do tema dentro do clube. Com a decisão, o Flamengo se torna uma das primeiras grandes instituições esportivas do país a definir regras internas claras e penalidades formais relacionadas a condutas racistas.
Com a alteração, sócios que forem identificados cometendo atos de racismo poderão ser suspensos por até um ano. Em caso de reincidência, a punição será a expulsão do quadro social. No caso de funcionários, atletas ou dirigentes, a conduta poderá resultar em demissão por justa causa. Já os contratos com prestadores de serviço envolvidos em discriminação poderão ser rescindidos unilateralmente pelo clube.
Essas novas diretrizes reforçam a cláusula antidiscriminatória que já existia no Estatuto desde 1980 e que havia sido detalhada em 1992, mas agora ganham caráter mais objetivo e prático, ao prever medidas punitivas e definir responsabilidades com clareza.
A formalização no estatuto é um desdobramento de ações que o clube já vinha promovendo nos últimos anos. Entre as iniciativas estão:
- Parcerias com entidades como a CUFA (Central Única das Favelas), o IDBR (Instituto Identidades do Brasil) e o MUHCAB (Museu da História e Cultura Afro-Brasileira);
- Produção de cartilhas educativas sobre racismo institucional;
- Realização de cursos de formação para funcionários e colaboradores;
- Campanhas públicas como o lançamento da camisa “Antirracismo”;
- Projetos internos de valorização da diversidade.
Além das medidas institucionais, o clube tem promovido encontros com jogadores da base, do futebol feminino e do basquete, que participam de um ciclo de palestras educativas sobre racismo. As atividades vão até outubro e fazem parte da programação do seminário “Valorização da Cultura Negra no Esporte”, que será promovido pelo clube.
Ao detalhar os tipos de punições e ampliar seu alcance para todos os níveis da instituição, o Flamengo passa a tratar o racismo como uma quebra grave de conduta interna, e não apenas como questão moral ou de campanha. A proposta reflete a necessidade de coerência entre o discurso institucional e os procedimentos administrativos.
Com a nova redação no estatuto, a expectativa do clube é fortalecer a cultura de respeito e promover um ambiente seguro e inclusivo para todos que frequentam ou representam o Flamengo.
Próximo jogo do clube
Enquanto promove as mudanças institucionais, o Flamengo também mantém o foco no futebol. Nesta quarta-feira (20), às 21h30 (horário de Brasília), o time enfrenta o Internacional no Beira-Rio, em Porto Alegre, pela partida de volta das oitavas de final da Libertadores. O time carioca venceu o jogo de ida no Maracanã por 1 a 0 e joga por um empate para garantir a vaga na próxima fase.