Pedro Augusto Figueiredo | 19 de agosto de 2025 - 19h15

Tarcísio indica Wagner Rosário para o TCE-SP e escolhe novo controlador de Minas

Ex-ministro da CGU no governo Bolsonaro, Rosário será sabatinado pela Alesp para assumir vaga deixada por Citadini no Tribunal de Contas

POLÍTICA
Ex-ministro da CGU nos governos Bolsonaro e Temer será indicado por Tarcísio para o TCE-SP. - (Foto: Divulgação/CGU)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu indicar o atual controlador-geral do Estado, Wagner Rosário, para ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). A nomeação será oficializada no Diário Oficial desta quarta-feira, 20, junto com o anúncio do substituto de Rosário: Rodrigo Fontenelle, que até então comandava a Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais desde o início da gestão de Romeu Zema (Novo), em 2019.

A indicação de Rosário ocorre após a aposentadoria antecipada do conselheiro e presidente do TCE-SP, Antônio Roque Citadini. Inicialmente prevista para setembro, a saída foi antecipada para agosto, uma vez que Citadini avalia disputar a presidência do Corinthians. O pleito no clube alvinegro está marcado para o próximo dia 25.

Wagner Rosário é auditor de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU) e chefiou a pasta entre 2017 e 2022, passando pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Com trajetória técnica e perfil discreto, ganhou a confiança de Tarcísio e se tornou uma das peças-chave da atual gestão paulista.

A ida de Rosário ao TCE-SP agora depende da sabatina e aprovação dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas a expectativa é de que a votação ocorra sem resistências, já que o governador mantém ampla maioria na Casa.

Segundo interlocutores do governo paulista, a indicação de Rosário foi baseada em critérios técnicos e não tem relação direta com os planos eleitorais de Tarcísio para 2026. Embora o nome de Rosário fosse cotado também para assumir a Casa Civil, o governador optou por levá-lo ao TCE-SP, enquanto mantém o foco na governabilidade e no fortalecimento institucional da gestão.

A outra possibilidade avaliada por Tarcísio envolvia justamente a troca entre Rosário e o atual secretário da Casa Civil, Arthur Lima. Nessa composição, Lima seria encaminhado ao TCE e Rosário passaria a chefiar a Casa Civil. No entanto, o ex-ministro da CGU teria condicionado essa mudança à permanência garantida no cargo, sinalizando que não gostaria de ocupar uma função transitória caso o governador se desincompatibilize para disputar um novo cargo em 2026.

Tarcísio, por sua vez, tem reiterado que seu foco é a reeleição ao governo de São Paulo, descartando publicamente, ao menos por ora, uma candidatura presidencial.

Para substituir Wagner Rosário na Controladoria-Geral do Estado de São Paulo, Tarcísio escolheu Rodrigo Fontenelle, que deixa o mesmo cargo em Minas Gerais. Auditor federal de finanças e controle, Fontenelle também atuou como chefe da Assessoria Especial de Controle Interno no Ministério do Planejamento, entre 2016 e 2018, e construiu uma reputação sólida dentro da CGU.

A escolha foi elogiada por membros da equipe econômica do governo paulista, que veem em Fontenelle um perfil semelhante ao de Rosário: técnico, com experiência em controle interno e foco na transparência da gestão pública.

Com a movimentação, Tarcísio reforça o tom tecnocrático de sua administração, com foco em quadros de carreira e experiência em órgãos de controle. A nomeação de dois auditores federais da CGU para cargos estratégicos indica também uma afinidade do governador com perfis ligados ao combate à corrupção e à eficiência da máquina pública.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo é responsável pela fiscalização das contas públicas no maior estado do país. Os conselheiros que integram o TCE têm mandatos vitalícios, nomeações políticas e alto poder de influência, sobretudo sobre municípios e contratos públicos.

A vaga aberta com a saída de Citadini representa uma oportunidade estratégica para o Palácio dos Bandeirantes. Embora a escolha de Rosário seja técnica, a presença de alguém de confiança na corte de contas tende a facilitar a relação entre o governo estadual e o tribunal, que atua como fiscalizador das finanças públicas e das políticas de governo.

A aposentadoria antecipada de Citadini também trouxe à tona o debate sobre o futuro político do conselheiro. Conhecido pelo envolvimento com o Corinthians, Citadini agora volta a ser nome forte para comandar o clube paulista, com eleições previstas para 25 de agosto.

As recentes movimentações mostram que Tarcísio tem buscado consolidar um núcleo de controle e planejamento sólido dentro do governo. Com a ida de Rosário ao TCE e a chegada de Fontenelle à Controladoria, o governador aposta na estabilidade institucional como forma de atravessar um cenário político complexo com demandas crescentes por entrega de serviços, responsabilidade fiscal e controle de gastos.

Além disso, ao indicar nomes com passagens pela CGU, Tarcísio envia um sinal ao eleitorado e ao setor produtivo: sua gestão pretende manter os pilares da ética e da responsabilidade com os recursos públicos, sem abrir mão da eficiência técnica.