Tarcísio indica Wagner Rosário para o TCE-SP e escolhe novo controlador de Minas
Ex-ministro da CGU no governo Bolsonaro, Rosário será sabatinado pela Alesp para assumir vaga deixada por Citadini no Tribunal de Contas
POLÍTICAO governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu indicar o atual controlador-geral do Estado, Wagner Rosário, para ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). A nomeação será oficializada no Diário Oficial desta quarta-feira, 20, junto com o anúncio do substituto de Rosário: Rodrigo Fontenelle, que até então comandava a Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais desde o início da gestão de Romeu Zema (Novo), em 2019.
A indicação de Rosário ocorre após a aposentadoria antecipada do conselheiro e presidente do TCE-SP, Antônio Roque Citadini. Inicialmente prevista para setembro, a saída foi antecipada para agosto, uma vez que Citadini avalia disputar a presidência do Corinthians. O pleito no clube alvinegro está marcado para o próximo dia 25.
Wagner Rosário é auditor de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU) e chefiou a pasta entre 2017 e 2022, passando pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Com trajetória técnica e perfil discreto, ganhou a confiança de Tarcísio e se tornou uma das peças-chave da atual gestão paulista.
A ida de Rosário ao TCE-SP agora depende da sabatina e aprovação dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas a expectativa é de que a votação ocorra sem resistências, já que o governador mantém ampla maioria na Casa.
Segundo interlocutores do governo paulista, a indicação de Rosário foi baseada em critérios técnicos e não tem relação direta com os planos eleitorais de Tarcísio para 2026. Embora o nome de Rosário fosse cotado também para assumir a Casa Civil, o governador optou por levá-lo ao TCE-SP, enquanto mantém o foco na governabilidade e no fortalecimento institucional da gestão.
A outra possibilidade avaliada por Tarcísio envolvia justamente a troca entre Rosário e o atual secretário da Casa Civil, Arthur Lima. Nessa composição, Lima seria encaminhado ao TCE e Rosário passaria a chefiar a Casa Civil. No entanto, o ex-ministro da CGU teria condicionado essa mudança à permanência garantida no cargo, sinalizando que não gostaria de ocupar uma função transitória caso o governador se desincompatibilize para disputar um novo cargo em 2026.
Tarcísio, por sua vez, tem reiterado que seu foco é a reeleição ao governo de São Paulo, descartando publicamente, ao menos por ora, uma candidatura presidencial.
Para substituir Wagner Rosário na Controladoria-Geral do Estado de São Paulo, Tarcísio escolheu Rodrigo Fontenelle, que deixa o mesmo cargo em Minas Gerais. Auditor federal de finanças e controle, Fontenelle também atuou como chefe da Assessoria Especial de Controle Interno no Ministério do Planejamento, entre 2016 e 2018, e construiu uma reputação sólida dentro da CGU.
A escolha foi elogiada por membros da equipe econômica do governo paulista, que veem em Fontenelle um perfil semelhante ao de Rosário: técnico, com experiência em controle interno e foco na transparência da gestão pública.
Com a movimentação, Tarcísio reforça o tom tecnocrático de sua administração, com foco em quadros de carreira e experiência em órgãos de controle. A nomeação de dois auditores federais da CGU para cargos estratégicos indica também uma afinidade do governador com perfis ligados ao combate à corrupção e à eficiência da máquina pública.
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo é responsável pela fiscalização das contas públicas no maior estado do país. Os conselheiros que integram o TCE têm mandatos vitalícios, nomeações políticas e alto poder de influência, sobretudo sobre municípios e contratos públicos.
A vaga aberta com a saída de Citadini representa uma oportunidade estratégica para o Palácio dos Bandeirantes. Embora a escolha de Rosário seja técnica, a presença de alguém de confiança na corte de contas tende a facilitar a relação entre o governo estadual e o tribunal, que atua como fiscalizador das finanças públicas e das políticas de governo.
A aposentadoria antecipada de Citadini também trouxe à tona o debate sobre o futuro político do conselheiro. Conhecido pelo envolvimento com o Corinthians, Citadini agora volta a ser nome forte para comandar o clube paulista, com eleições previstas para 25 de agosto.
As recentes movimentações mostram que Tarcísio tem buscado consolidar um núcleo de controle e planejamento sólido dentro do governo. Com a ida de Rosário ao TCE e a chegada de Fontenelle à Controladoria, o governador aposta na estabilidade institucional como forma de atravessar um cenário político complexo com demandas crescentes por entrega de serviços, responsabilidade fiscal e controle de gastos.
Além disso, ao indicar nomes com passagens pela CGU, Tarcísio envia um sinal ao eleitorado e ao setor produtivo: sua gestão pretende manter os pilares da ética e da responsabilidade com os recursos públicos, sem abrir mão da eficiência técnica.