Santos avalia volta de Sampaoli em meio à crise e protestos no CT
Sem técnico efetivo após goleada para o Vasco, clube paulista vê em Sampaoli um possível nome para reagir na temporada, mas reforços são condição
FUTEBOLA diretoria do Santos ainda não definiu quem será o novo técnico da equipe após a demissão de Cléber Xavier, oficializada na última segunda-feira, um dia depois da goleada sofrida para o Vasco por 4 a 0, na Vila Belmiro. Com a crise técnica e institucional agravada, o clube corre contra o tempo para encontrar um substituto capaz de resgatar a confiança da torcida e afastar o time da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
De forma interina, o auxiliar Matheus Bachi filho do ex-treinador da Seleção Brasileira, Tite comandará a equipe no confronto com o Bahia, neste domingo, 21, em Salvador, pela 21ª rodada da Série A. Paralelamente, a diretoria santista monitora o mercado e já ouviu propostas de empresários e técnicos disponíveis.
Entre os nomes especulados, Jorge Sampaoli surge como um dos favoritos. Em entrevista ao jornalista argentino César Luis Merlo, o treinador argentino admitiu estar disposto a retornar ao clube que comandou em 2019, mas fez uma ressalva importante: exigiu reforços para aceitar o desafio.
"É um orgulho que o clube me procure e um grande desafio. Estou disposto a assumir, mas pedi à diretoria que faça um esforço com os reforços para consolidar um bom projeto esportivo", declarou Sampaoli.
Embora Sampaoli esteja livre no mercado desde janeiro, quando deixou o Rennes, da França , a negociação com o Santos não é simples. O treinador costuma exigir autonomia no planejamento do elenco e costuma trabalhar com elencos qualificados. Sua demanda por contratações imediatas esbarra nas limitações financeiras do clube, que vive um dos momentos mais frágeis em sua história recente, tanto dentro quanto fora de campo.
Nos bastidores, há quem veja na volta de Sampaoli uma aposta de alto risco. A passagem anterior, embora tecnicamente vitoriosa com um vice-campeonato brasileiro em 2019 , também foi marcada por choques com a diretoria e um modelo de trabalho exigente. Na ocasião, o argentino acumulou 63 jogos, 35 vitórias, 13 empates e 15 derrotas, com 102 gols marcados e 55 sofridos. Seu Santos era agressivo, intenso e ofensivo, mesmo com recursos financeiros modestos.
Desde então, o técnico acumulou passagens por Atlético-MG, Olympique de Marselha, Sevilla, Flamengo e Rennes. Em todas as equipes, demonstrou um padrão tático consistente, mas também teve conflitos extracampo e saídas turbulentas características que geram dúvidas na cúpula alvinegra sobre uma eventual segunda passagem.
A urgência por uma decisão também é reflexo do ambiente tenso no CT Rei Pelé. Na última terça-feira, dois dias após a goleada sofrida em casa, um grupo de torcedores invadiu o centro de treinamento para protestar contra a diretoria, o elenco e o desempenho do time. Com faixas, cartazes e cânticos, os manifestantes cobraram mudanças imediatas.
A Polícia Militar foi acionada para controlar o ato, que, apesar da tensão, não teve registro de violência. Neymar, atacante do clube, estava presente no local no momento do protesto. A presença do jogador, embora não tenha sido alvo direto das manifestações, chamou atenção e aumentou a exposição da crise interna.
A diretoria ainda não se pronunciou oficialmente sobre o protesto, mas sabe que a escolha do novo treinador será decisiva para reduzir a pressão. A equipe ocupa atualmente a 15ª colocação do Brasileirão, com 21 pontos, muito próxima da zona de rebaixamento. Uma derrota contra o Bahia pode aprofundar ainda mais o abismo entre time e torcida.
Nos bastidores, há divergências sobre o perfil ideal para assumir o comando técnico. Parte da direção vê Sampaoli como o nome mais preparado para dar uma resposta rápida, especialmente pelo conhecimento prévio do clube e da competição. Outros dirigentes temem que os altos custos e exigências do treinador agravem ainda mais a situação financeira.
Apesar da pressão crescente, o Santos sinaliza que não tomará uma decisão precipitada. O momento, segundo fontes internas, exige equilíbrio entre resultado imediato e viabilidade administrativa. Nomes alternativos com perfis mais "baratos" ou dispostos a trabalhar com o atual elenco também estão sendo analisados.
Enquanto isso, Matheus Bachi, que vinha exercendo papel secundário na comissão técnica, terá a missão de tentar estancar a sangria momentânea. A expectativa da diretoria é que a definição sobre o novo treinador ocorra ainda na próxima semana, antes do próximo jogo em casa, pela 22ª rodada do Brasileirão.