EUA ampliam tarifas de 50% e atingem mais de 400 produtos com aço e alumínio
Nova medida da administração Trump atinge setores como construção civil, transporte, energia e bens de consumo com sobretaxas sobre metais importados
ECONOMIAEm um novo capítulo da guerra comercial liderada pelos Estados Unidos, o governo de Donald Trump anunciou nesta terça-feira, 19, a ampliação da lista de produtos sujeitos à tarifa de 50% sobre aço e alumínio. Mais de 400 itens foram adicionados à medida, que pretende fechar brechas na regulamentação anterior e fortalecer as indústrias metalúrgicas norte-americanas.
De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, os produtos agora tarifados incluem desde vagões de trem, guindastes e outros equipamentos pesados até latas de aerossol, móveis, partes automotivas e aparelhos de ar-condicionado com ventiladores motorizados — uma medida com impacto direto durante o verão no Hemisfério Norte.
As tarifas se aplicam a qualquer item que contenha componentes de aço ou alumínio, mesmo que esses metais não sejam os materiais predominantes na composição. Isso significa que empresas importadoras precisarão pagar 50% de imposto sobre esses bens, o que deve afetar diretamente os preços e a cadeia de suprimentos em diversos setores.
A decisão foi tomada com base na Seção 232 do Trade Expansion Act, uma lei norte-americana que autoriza o governo a aplicar tarifas com o argumento de proteção à segurança nacional. É a mesma base legal usada pela administração Trump em 2018 para iniciar a taxação ampla sobre aço e alumínio importados.
Para o subsecretário de comércio para indústria e segurança, Jeffrey Kessler, a ampliação é uma resposta a manobras que estariam sendo usadas por empresas para contornar as tarifas anteriores. “A ação de hoje expande o alcance das tarifas sobre o aço e alumínio e fecha caminhos para a evasão, apoiando a contínua revitalização das indústrias americanas de aço e alumínio”, afirmou em comunicado oficial.
O movimento representa uma intensificação da política comercial protecionista adotada desde o primeiro mandato de Trump. Com o crescimento das tensões geopolíticas e a tentativa de reposicionar a indústria nacional frente à concorrência externa — especialmente da China —, a equipe econômica do republicano tem reiterado que medidas como essa são necessárias para garantir a soberania econômica e industrial dos EUA.
Setores impactados pela nova tarifa
A nova lista de produtos tarifados é ampla e heterogênea. Além dos grandes maquinários industriais e equipamentos de construção, também foram incluídos:
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Partes e componentes de turbinas eólicas
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Compressores e bombas industriais
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Tratores e máquinas agrícolas
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Ferramentas manuais e elétricas
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Produtos de cutelaria, como facas e tesouras
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Químicos especiais, incluindo inseticidas
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Móveis metálicos e de estrutura mista
O impacto da medida deverá ser sentido tanto por empresas norte-americanas que dependem da importação de componentes para sua produção quanto por países exportadores, especialmente os que abastecem o setor industrial dos EUA com metais e bens derivados.
Especialistas em comércio internacional alertam que a política de tarifas generalizadas pode provocar retaliações de parceiros comerciais, além de gerar inflação interna e aumento de custos para empresas locais.
Apesar da retórica de fortalecimento da indústria nacional, medidas como a que foi anunciada nesta terça podem reacender conflitos comerciais, principalmente com a União Europeia, China e parceiros da América Latina, como o Brasil, que historicamente exportam aço e alumínio para os Estados Unidos.
Segundo analistas do setor, a decisão pode levar à revisão de acordos comerciais e provocar disputas na Organização Mundial do Comércio (OMC), além de afetar a competitividade de produtos americanos no mercado internacional, já que os custos de produção tendem a aumentar.
Ainda assim, para o governo Trump, os benefícios superam os riscos. A campanha pela reeleição tem utilizado o discurso de “América Forte” como pilar estratégico, com foco no fortalecimento da indústria nacional, controle das cadeias de suprimento e endurecimento da postura diante de países que praticam, segundo eles, “concorrência desleal”.